Mês passado retomei meu costume de ler livros diferentes, e comecei pela biografia de uma Deputada Federal. Esta semana, por mera coincidência (e foi mesmo, acredite), tive o desejo de conhecer a história de Michelle Obama e foi quando percebi a relação entre ambas. Elas são cristãs, com o desejo de mudar o mundo, e começam através do serviço que realizam as mulheres. Então, para que essas mulheres sejam realmente alcançadas, elas desenvolvem diálogos, compartilham suas histórias de vidas e inseguranças, e assim, permitem a identificação, dando coragem para outras mulheres e renovando suas próprias forças.
Graças a essas líderes sentirem vontade de ajudar outras mulheres, me senti inspirada em criar um diálogo com vocês sobre o que nos distancia de realizar esse serviço no ministério feminino, seja ele adolescente, jovem, ou já adulto. Aqui, pretendo apontar alguns problemas recorrentes, mudanças de caráter que necessitamos fazer, e exemplos a nos espelhar.
Com relação aos problemas recorrentes:
1. Não existe união feminina na igreja contemporânea
Nos últimos anos tenho participado de ministérios cristãos na universidade, e apesar de ver um crescimento dos grupos cristãos, vi uma queda de encontros e eventos relacionados às mulheres. Geralmente evitamos encontros, pois sempre há alguém que não gostamos, alguma rixa de longo prazo e até inveja de como uma amiga de infância está em relação a nós. Tudo isso fere o corpo de Cristo, pois criam uma divisão. Em Tito 3:10 há uma chamada de atenção para quem causa divisão, justamente em relação a criar contendas por aquilo que achamos estar errado por conta própria.
2. O serviço feminino só aparece com a idade
Admiro os ministérios femininos, que na maioria das vezes são o grupo de maior força na realização de eventos, acampamentos e decoração no geral. Porém, o que me incomoda é que essa união só acontece a partir do momento que as mulheres são casadas, tem filhos e começam a exercer funções nomeadas como “de mulher”. Não existe um ministério na adolescência ou na juventude quando não sabemos o como lidar com padrões do mundo; não há um ministério feminino quando precisamos entender sobre sexualidade, abusos e relacionamentos tóxicos nas escolas e universidades; e também não há auxílio quando precisamos entender como ser sal e luz a pessoas do mundo sem necessariamente ceder a usos e costumes que ferem a modéstia cristã. No geral, criamos nossas próprias conclusões por medo de pedir ajuda e levam-se anos até que se crie uma maturidade e venhamos a entender questões referentes ao universo feminino.
3. A aparência e o status ainda são grandes obstáculos
Infelizmente com o aumento do uso das redes sociais, as pessoas possuem muito mais a tendência a julgar baseado no que acha que entende de uma determinada pessoa, do que realmente se dar ao esforço de conhecer a pessoa verdadeiramente. Falei um pouco sobre os pecados que cometemos nas redes sociais há algum tempo, só acessar.
No ministério feminino essa inveja ou má impressão causada pelo que vemos e não pelo o que realmente conhecemos, tem sido um empecilho para que a união seja genuína, e infelizmente isso nos impede de evoluir e finalmente servir umas as outras com amor e misericórdia.
Após pensar nestes problemas que se tornam obstáculos, percebi que biblicamente temos mulheres incríveis que protagonizam ótimos exemplos a se seguir, como Rute e Noemi. Em Rute 1:16-18 ela se compromete a caminhar com Noemi e abre mão de recomeçar um novo casamento para andar junto com sua sogra. Nesta passagem temos uma união clara de duas mulheres que nos dia de hoje, seriam nomeadas como “inimigas” devido a estereótipos sociais de sogra e nora. Por outro lado, Rute agiu em serviço de sua sogra, se comprometendo a caminhar junto a ela.
E em outro contexto, Isabel e Maria (Lucas 1:39-57), unidas pela gestação e pela forte relação dos filhos que estavam sendo gerados, mostram respeito, sem uma reclamar da outra por ter filho mais nova ou mais velha, ou até contestar o motivo pelo qual Jesus não nasceu de Isabel no lugar de Maria. Parece uma análise absurda, mas infelizmente a sociedade contemporânea abriria brecha para este tipo de reclamação. O fato é que elas tiveram respeito e apreço pelas bênçãos que Deus estava dando as duas e é nisso que devemos nos espelhar.
Pensando nestes exemplos e em muitos outros que poderemos encontrar na Palavra, quero nos desafiar a aprender na prática como servir umas às outras, segue o “gabarito” dos problemas apontados anteriormente:
1. Vença os estereótipos!
Se o grande problema do mundo são mulheres que brigam entre si, aprendam com as que não brigam. Busque ajuda, converse com líderes, e comece a pensar em meios de trabalhar a união em pequenas coisas. Se há problemas passados não resolvidos e você pode mudar isso, vá atrás das pessoas, peça perdão, assuma as atitudes erradas e ore por quem não está disposta a mudar. Não seja falsa em dizer “eu tentei” sem estar com determinação de mudar o coração, se desafie pra valer, buscando mudanças efetivas de dentro para fora.
2. Comece hoje a desenvolver um ministério feminino em sua igreja
Se ainda não há diálogo entre as meninas, e os problemas passados estão resolvidos, crie grupos, encontros e comece a interagir com outras meninas. Compartilhe orações, rotinas e se ajudem! Como muitas igrejas ainda estão fechadas, um pequeno encontro semanal que for possível já será de grande ajuda para que cada uma em sua casa se lembre que não está só. Um grande exemplo que vejo desta atitude é em minha igreja na Batista Regular, no qual as meninas frequentemente fazem conversas rápidas com devocionais, e nos lembram que mesmo distantes, temos com quem contar. Tá aí um exemplo para não dizer que isso ainda não existe.
3. Troque inveja por admiração!
Se alguém tem um talento e se destaca na internet, se alguém fez algo legal e você ainda não, pare de desejar aquilo e tenha amor próprio! Precisamos parar de achar que o fato de uma menina ter um carro e a outra não é motivo para desanimar. Analise a si mesma e aprenda a se amar e buscar seus próprios objetivos sem ficar criando comparações desnecessárias. Deus tem um propósito para cada um debaixo do céu, e você querer o propósito dos outros é inveja, então se valorize e entenda que nem idade para namorar você tem; que precisa se formar se deseja um determinado emprego e que talvez precise de faculdade se deseja ser promovida onde está, e se deseja uma carreira acadêmica, precisa lutar por ela no lugar de se comparar às outras. Ou seja, cada um tem sua história, seu contexto, e deve cuidar da sua própria vida.
O texto dos talentos (Mateus 25:14-30) é muito didático quanto a isso pois “talento” neste contexto bíblico refere-se ao ouro que atualmente, vale pouco mais de 5 milhões de reais, ou seja, não estamos lidando com pouco dinheiro. Quando as pessoas investem, elas ganham valores diferentes, e isso acontece pois é o que o senhor entende que cada um poderá gerar de lucro. A única pessoa mesquinha da história foi a que tinha o jeito mais fácil de conquistar mais talentos e negligenciou isso, enterrando o valor. Ou seja, você não é menos abençoado, muitas vezes Deus está te dando mais oportunidades e você está presa ao que gostaria de fazer, e não ao que deveria estar fazendo. Então pense nisso e trabalhe seu coração. Amor próprio e mais admiração é o desafio deste terceiro (e maior) tópico.
A partir do momento que você vencer a ideia de divisão, se unir às suas irmãs em Cristo e saber valorizar a si mesma, você com certeza terá auto estima para servir. O segundo mandamento citado por Cristo em Mateus 22 (v. 37 a 39) ele diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Ou seja, tendo amor próprio, automaticamente teremos amor ao próximo.
No demais, ore pelas suas irmãs, crie amizades no lugar de julgar e admire no lugar de sentir inveja. Construa uma base sólida para que você muitas outras meninas consigam crescer juntas. Do mesmo modo que duas líderes políticas conseguiram criar projetos de incentivo às mulheres, podemos criar atividades, conversas, debates e muito mais projetos que fortaleçam umas às outras.
Outro meio prático de servir é perguntando, se oferecendo e demonstrando o desejo de ajudar, seja oferecendo auxílio nos estudos da escola; em discipular e ensinar sobre a Bíblia; ou até criando conversas sobre assuntos em comum, como livros, filmes ou até técnicas de desenho.
Serviço é o maior ensinamento de Cristo (Mc 10:42-45), que sendo filho do Rei, foi capaz de se fazer a pessoa mais simples para nos ensinar humildade, amor e misericórdia, devemos os espelhar em quem Ele é, e servir umas às outras.
Avalie seu coração e busque trabalhar os desafios. Trabalhando de dentro para fora, será muito mais fácil entender como agir e principalmente, servir.