Jugo suave e fardo leve

carroça de madeira
carroça de madeira
Conta-se a história de um homem que um dia encontrou Deus em um vale. – Como você está nesta manhã? – perguntou Deus ao companheiro. – Estou bem, obrigado – respondeu o homem. – Posso fazer alguma coisa pelo Senhor hoje? – Sim – disse Deus -, tenho uma carroça com três pedras e preciso que alguém a leve até a colina para mim. Você está disposto? – Sim, gostaria muito de fazer alguma coisa pelo Senhor. As pedras não parecem tão pesadas e a carroça está em boas condições. Ficaria feliz em fazê-lo. Onde o Senhor gostaria que eu a deixasse? Deus deu ao homem instruções específicas, desenhando um mapa no chão, à beira da estrada. – Passe pelo bosque e suba pela estrada que termina no alto da colina. Quando chegar ao cume, deixe lá a carroça. Obrigado por sua boa vontade em me ajudar. – Tudo bem! – o homem replicou e começou sua caminhada animado. A carroça se arrastava devagar, mas a carga era leve. Ele começou a assobiar enquanto caminhava rapidamente pela floresta. O sol atravessava as árvores e aquecia suas costas. Que alegrai ser capaz de ajuda o Senhor, pensou ele admirando o lindo dia. Perto da terceira curva, entrou em uma pequena vila. As pessoas sorriam e o cumprimentavam. Então, na ultima casa, um homem o parou e lhe perguntou: – Como você está nesta manhã? Que linda carroça você te aí. Aonde você vai? – Bem, hoje de manhã Deus me deu um trabalho. Vou deixar essas três pedras no topo da colina. – Que maravilha! Pela manhã, estive orando porque não sabia como levar essa pedra até o cume da montanha – disse o homem com grande entusiasmo. – Você poderia levá-la para mim até lá? Seria como uma resposta à minha oração. O homem com a carroça sorriu e respondeu: – É claro. Não creio que Deus se incomode. Coloque-a atrás das três pedras. Então, partiu com três pedras e uma rocha dentro da carroça. A carroça parecia um pouco mais pesada. Ele podia sentir o solavanco de cada batida e a carroça já puxava para o lado. O homem parou para arrumar a carga enquanto cantava um hino de louvor, satisfeito por ajudar a um irmão e também a Deus. Depois, partiu novamente e logo chegou a um outro pequeno vilarejo à beira da estrada. Um grande amigo vivia lá e lhe ofereceu um refresco. – Você está indo para o topo da colina? – indagou o velho amigo. – Sim! Estou muito entusiasmado. Imagine, Deus me deu algo a fazer! – Ei! – disse o amigo. – Preciso levar essa mala de seixos para lá. Estava preocupado porque não arranjava tempo para leva-la eu mesmo. Mas você poderia encaixá-la entre as três pedras, aqui no meio. Deste modo, colocou sua carga na carroça. – Isso não deve ser problema – disse o homem. Acho que consigo levar. Terminou de beber o refresco, levantou-se e esfregou as mãos antes de pegar a carroça. Despediu-se com um aceno e começou a puxar a carroça de volta para a estrada. Definitivamente a carroça pesava em seus braços agora, mas não chegava a ser desconfortável. No inicio da subida, ele começou a sentir o peso das três pedras, da rocha e dos seixos. Apesar disso, sentia-se bem por estar ajudando um amigo. Certamente Deus ficaria orgulhoso de sua energia e disposição para ajudar. A uma pequena parada seguiu-se outra e a carroça começou a ficar cada vez mais pesada. O sol estava quente e seus ombros doíam por causa do esforço. Logo as canções de louvor e de gratidão que enchiam seu coração deixaram seus lábios e o ressentimento começou a crescer em seu interior. Não foi isso que ele aceitou pela manhã. Deus havia lhe dado uma carga mais pesada do que ele era capaz de suportar. A carroça parecia enorme e desajeitada enquanto se movia com dificuldades e pendia nos sulcos da estrada. Frustrado, o homem começou a pensar em desistir e em deixar a carroça rolar ladeira abaixo. Deus estava fazendo um jogo cruel com ele. A carraça cambaleou e a carga se chocou com a parte de trás de suas pernas, machucando o homem. – Já chega! – irritou-se. – Deus não pode esperar que eu puxe tudo isso até o alto da montanha. Ó Deus – lamentou. – Isso é muito duro para mim! Pensei que estivesses me ajudando nessa viagem, mas estou oprimido por uma carga muito pesada. O Senhor tem que arrumar mais alguém para leva-la. Não sou forte o bastante. Quando orou, Deus apareceu ao seu lado. – Parece que você está em dificuldades. Quando é o problema? – Tu me deste um fardo pesado demais – queixou-se o homem. – Isso não é para mim! Deus caminhou até a carroça, apoiada em uma pedra. – O que é isso? – e levantou a mala de seixos. – Isso pertence a John, meu grande amigo. Ele não tinha tempo de trazê-la sozinho. Pensei que poderia ajudar. – E isto? – Deus derrubou duas peças de xisto ao lado da carroça enquanto o homem tentava explicar. Deus continuou a esvaziar a carroça, retirando tanto os itens leves como os pesados. Caíram no chão e a poeira levantou. O homem que esperava ajudar a Deus ficou em silêncio. – Se você permitir que os outros levem as suas próprias cargas – disse Deus – eu o ajudarei com sua tarefa. – Mas prometi que ajudaria! Não posso deixar essas coisas abandonadas aqui. – Deixe que os outros carreguem seus próprios pertences – disso Deus mansamente. – Sei que você estava tentando ajudar, mas enquanto você estiver sobrecarregado com todos esses cuidados, não conseguirá fazer o que eu lhe pedi. O homem logo se pôs de pé, percebendo subitamente a liberdade oferecida por Deus. – Quer dizer que só preciso levar as três pedras? – perguntou. – Foi o que eu lhe pedi – Deus sorriu. – Meu jugo é suave e meu fardo é leve. Nunca vou lhe pedir para carregar mais do que você consegue suportar. – Eu consigo fazer isso! – disse o homem, sorrindo de orelha a orelha. Agarrou o cabo da carroça e começou sua jornada novamente, deixando o resto das cargas junto à estrada. A carroça ainda cambaleava e sacudia um pouco, mas ele nem percebia. Um novo canto encheu seus lábios e ele sentiu uma brisa perfumada soprando pelo caminho. Com grande alegria, atingiu o topo da colina. Foi um dia maravilhoso, pois ele havia feito o que o Senhor lhe pedira.  
(Texto retirado do livro “Como ter o coração de Maria no mundo do Marta” de Joanna Weaver)