Meus pais não são cristãos – e agora?

Acho que é uma dádiva ter pais que sejam cristãos maduros,  que lhe ensinem a Palavra desde pequenina e reflitam um pouco de Cristo na sua vida. Acontece que essa dádiva em particular eu não tive. Como o tema do mês é relacionamentos, me sugeriram escrever sobre esse tipo de relacionamento, justamente por ser algo que eu vivencio.

Eu me converti por volta de 2012, na igreja em que atualmente sou membro. Inclusive, no dia da minha conversão, minha mãe estava ao meu lado. Minha família não é do tipo radical, que não acredita em Deus ou que odeie a igreja. Talvez essa seja a parte engraçada da história. Meus pais têm histórias na igreja. Ambos foram ensinados a ir quando pequenos, frequentando cultos. Minha mãe até mesmo chegou a frequentar igreja quando jovem, mas até o momento ela nunca demonstrou algo que me tivesse ter certeza de sua salvação. Essa parte eu acho difícil definir, pois somente Deus conhece realmente os corações, mas até onde já conversei com ela, ainda não fez uma decisão de fato.

Bem, voltando à minha história de igreja, eu comecei a participar dos cultos espontaneamente. Era uma vontade minha. Meu pai me deixava na porta da igreja para assistir os cultos matinais aos domingos. Mas nem sempre existia a boa vontade de me levar à igreja ou me deixar participar das programações. É natural, para quem está acostumado com a igreja, passar bastante tempo nela, mas para quem não tem uma perspectiva celestial, não faz muito sentido. Aos poucos eu fui encontrando diferentes dificuldades no caminho. Eu não podia ir aos cultos noturnos, muitas vezes eu faltava em programações porque meus pais não concordavam. Algumas vezes era pelo mero fato de não quererem me levar ou que eu fosse sozinha, por achar perigoso andar de noite (Vale lembrar que eu me converti ainda antes de atingir a maioridade – e fica a dica para você que possui um carro, abençoe a vida de irmãos que possam ter dificuldade de chegar às programações através de caronas). Eu tive que aprender a conciliar dois ensinamentos importantes da bíblia.

 

Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo.
Efésios 6:1

 

Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.
Hebreus 10:25

Algumas vezes já ouvi pessoas dizerem que se seu pai é contrário a você ir à igreja, você deve obedecer ao Senhor e ir mesmo assim. Mas há uma outra face: eu sempre pensei que Deus queria que eu obedecesse a meus pais e que isso também serviria de testemunho para que eles pudessem ver Cristo em mim também. E não era fácil. Seria mil vezes mais cômodo eu sair de casa quando quisesse e participar de todas as coisas que me agradavam, mas isso criaria um atrito com meus pais e também me tornaria rebelde, distante de tudo o que Deus nos ensina. Eu tinha como cultuar a Deus de casa, ler a bíblia e orar pela situação. Muitas vezes esquecemos que a oração é algo que Deus nos ensina a usar como uma ferramenta poderosa. Quando eu quis me batizar, foram cerca de dois anos até que se chegasse o dia. Eu tinha decidido em meu coração, eu sabia que era o que eu queria pra minha vida. Conversei com meus pais e até mesmo tivemos uma reunião com um dos meu pastores, mas eu havia recebido nãos como resposta – até mesmo na justificativa de que eu deveria aproveitar outras coisas da vida. Foi um período que eu não entendia muito o porquê, até mesmo chorei algumas vezes, mas pela fé eu pude ser batizada em 2015. E, por mais que meus pais ainda não sejam membros da igreja, ainda vejo situações pontuais da bondade de Deus através dessas circunstâncias. Eu vejo algumas vezes meus pais agradecerem a Deus em dadas circunstâncias relacionadas a eu ir à igreja e eu sei que se eu não tentasse buscar um equilíbrio lá atrás, talvez hoje eles enxergassem apenas uma garota religiosa que não se importa com a família.

Eu sei que há casos muito mais fortes que o meu, onde as pessoas são expressamente proibidas de frequentar cultos ou podem até mesmo eventualmente sofrer as mais difíceis pressões de seus familiares. Contudo, o que posso dizer é: persevere na fé. Você pode ser proibido de ir à igreja ou até mesmo de ler a bíblia em caso de países extremistas, mas nada te impede de orar ao Criador. Às vezes, pode ser que você sofra porque você tem uma cosmovisão diferente da vida, às vezes seus pais podem até ser duros e opostos ao amor que o Senhor nos ensina, mas eu diria que se você é salva, você foi escolhida estrategicamente para ser luz na sua família. Seu papel é desenvolver os frutos do espírito e mostrar a eles que o Senhor é bom. E, independentemente de eles fazerem uma decisão, o Senhor é soberano sobre essa situação toda e conhece os corações. No final da história, seja qual for, você terá sido moldada por Deus. Eu também gostaria de lembrar que a família também é um ministério designado por Deus – não negligencie! Saiba usar o tempo em família também.

Por fim, vou lhes deixar um versículo que acho que sempre acaba me motivando a ter um testemnho a construir. Ele é direcionado às esposas, mas mostra como às vezes o melhor modo de agir é mostrando amor.

Do mesmo modo, mulheres, sujeitem-se a seus maridos, a fim de que, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavras, pelo procedimento de sua mulher,
1 Pedro 3:1

 

Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria.
Tiago 3:13

 

Que o Senhor lhes abençoe e os estimule a crescer em graça abundante na família que Ele lhe concedeu!

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