Quando criança, morávamos em uma cidadezinha no interior de São Paulo. Nossa casa ficava em frente a um brejo onde ouvíamos todas as noites, grilos, sapos, e tantos outros animaizinhos que juntos davam à noite um tom de natureza. No terreno de casa havia um quintal enorme, com um lindo jardim, onde nossa cachorrinha se divertia correndo atrás dos lagartos e passarinhos que paravam ali. E havia um balanço. Sim, um balanço. Encomendado pelo meu pai, e feito sob medida em uma madeireira.
Durante algum tempo, minha mãe começou a estudar no período noturno, e então ficávamos sob os cuidados de papai. Nas noites em que não tínhamos dever de casa para fazer, nós sentávamos no balanço, e ficávamos horas observando as estrelas. Por muitas vezes meu pai, como o bom contador de histórias que sempre foi, nos falava sobre sua infância no Paraná.
Mas por muitas outras vezes, ele nos contava uma história muito especial: a velha história de um carpinteiro.
“Há muito tempo atrás, Deus vivia em plena comunhão com sua criação. Todos os dias, durante o crepúsculo, Ele caminhava pelo jardim com Adão e Eva, e estes desfrutavam do maior conhecimento que qualquer humano já pode ter a cerca de Deus Pai Filho Espírito. Eles tinham apenas uma ordem: não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas dando ouvidos ao inimigo, e não confiando na Palavra de Deus, Adão e Eva caíram.
Fico a imaginar o dia seguinte, quando Deus havia os expulsado do Jardim. Passou-se a manhã, passou-se a tarde, e quando chegou o crepúsculo, eles não ouviram os passos do Criador aproximando-se deles. A comunhão havia sido quebrada. Mas Deus, em sua infinita graça e misericórdia, já tinha um plano desde a eternidade. O plano de reconciliar o homem consigo mesmo.
Séculos depois, em uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, um anjo do Senhor apareceu a uma jovem chamada Maria. Ela havia sido escolhida para ser a mãe do filho de Deus. Não por algo que tivesse feito, mas apenas pela graça. A profecia deixada pelos profetas estava sendo cumprida. Através do poder do Espírito Santo, Maria ficou grávida, e o Santo dos Santos habitou o seu ventre. Ao bebê foi dado o nome de Jesus.
O menino cresceu, e com 30 anos começou o seu ministério. A mensagem continuava sendo a mesma desde o princípio: arrependam-se, e convertam-se. Foram três anos pregando, operando maravilhas, curando os doentes, dando vista aos cegos. Mas muitos o rejeitaram. Tudo dentro do plano Soberano de Deus Pai Filho Espírito. Cristo conhecia aqueles que o pertenciam.
E então chegou o dia. Perseguido por seu próprio povo, Jesus foi condenado à crucificação, sendo totalmente inocente. Mas era necessário que alguém 100% homem e 100% Deus morresse. Para que um dia pudéssemos viver. Ele orou, pedindo para que se fosse possível, o Pai afastasse dele esse cálice. Pois ele sabia que a Ira de Deus seria aplacada nele. Mas também orou: “Que seja feita a Tua vontade”.
“Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.” Isaías 53:6-7
Por um momento, todo o Universo parou para contemplar o dia mais importante na história da humanidade. O humilde carpinteiro, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, dono de toda a criação, estava morto.
E foi por você!
Sim, por você. Ele suportou, e suportou até o fim, todo o castigo que era destinado a nós.
E no terceiro dia, o mesmo poder que havia o concebido, também o ressuscitou dos mortos. Ele venceu de uma vez por todas o poder da morte, e nos resgatou das trevas para o reino da sua maravilhosa Luz. E assim, perseveramos. Crentes de que um dia aquele que ascendeu aos céus, há de voltar para buscar a sua Igreja.
“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus.” João 1:12-13
E há algo que torna essa história realmente espetacular: ela não terminará nunca. Durará toda a eternidade. Onde veremos aquele que morreu por nós face a face. E o adoraremos, para sempre, dizendo: Digno, é o Cordeiro!”
Esta é a velha história do Evangelho.
Uma história que transformou o curso da vida daqueles que são chamados por Deus. Tudo o que temos, e o que somos deve centrar-se em Cristo. Se nos dizemos cristãos, mas o evangelho não tem nenhum impacto em nossas vidas, é hora de retornarmos a cruz.
Que a cada dia essa mensagem possa transformar nossas vidas, e que possamos transmiti-la para aqueles que nos cercam, geração após geração.
Por: Débora Soutto
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