Cristianismo Hackeado -Parte 4

Todo cuidado é pouco. Já deve ter ouvido essa frase, especialmente dos mais velhos. É uma frase de sabedoria, afinal, cautela é algo que pode nos impedir de fazer besteiras. No mundo atual, basta um clique para imergir no pecado, portanto, precisamos ter todo o cuidado com nosso acesso.

Já estamos cansados de saber que existe toda sorte de malícia nos filmes, novelas e séries, que o mundo tem suas libertinagens e isso é refletido na mídia. Apesar disso, estamos prontos pra filtrar desde os conteúdos sutis aos mais explícitos? Costumo pensar que as coisas têm tendência a se naturalizar em nossas mentes. É como em Tiago diz

Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte.

Tiago 1:14,15

Você pensa, estimula seus pensamentos e os desenvolve até que você peca. Ninguém peca do nada, existe um caminho percorrido em nossas mentes para que isso aconteça. O primeiro passo é delimitar o que é bom e ruim. Se você não se importar com o pouco, o seu limite pode ir mudando e te levando a zonas cada vez mais perigosas. Eu bem sei que é difícil para um cristão assistir filmes e séries hoje em dia que não ofereçam nenhum tipo de tentação, especialmente no trato sexual, mas existe uma grande diferença entre pular cenas e assistir toda uma temática. Existem filmes e séries que escancaradamente têm a temática promíscua. Você não assistiria algo como 50 tons de cinza esperando por ver uma história de pureza e santidade. E Satanás tem lá sua astúcia. Pode parecer demais um cristão buscar especificamente pornografia na internet, mas parece normal ir ao Netflix e ver uma série, quando na verdade muito dos conteúdos têm algo explícito ou com uma ideologia fortemente contrária ao cristianismo. Irmãos, precisamos ser firmes quanto a nossos valores! Se aquilo que você acessa via internet for motivo de desonra para Cristo, jamais deveria te servir de entretenimento.

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12:1,2

Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem,
pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”.

1 Pedro 1:15,16

Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis.

2 Pedro 3:14

Que o Senhor Deus e Pai os purifique inteiramente e os prepare para enfrentar o campo espiritual, físico e virtual. Que nossas vidas sejam constantes bússolas que apontem um mundo perdido para Cristo, que nossos acessos sejam puros, que nosso digitar seja comedido e nosso assistir seja justo. Oro para que o Senhor fortaleça essa geração, de modo que o nosso app, site e acesso favorito seja a Bíblia. Deus te abençoe!

Cristianismo Hackeado – Parte 3

Olá, pessoal! Esse é o terceiro post relacionado ao cristianismo na internet. Hoje quero falar sobre o que compartilhamos para o outro lado da tela e nossa interação com o que os outros postam.

Com a língua bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim!”
(Tiago, 3.9-10)

Não haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, ações de graças.
(Efésios, 5.4)

Começando pelo que postamos, não seria conveniente que nossas redes sociais também representassem a Cristo? Elas são uma extensão de nossas vidas e lá não se extinguem nossos valores. Como diz o versículo acima, nossa língua deve ser utilizada para proferir bênção. Da mesma forma, nossos dedos devem digitar coisas que abençoem os outros e não coisas que amaldiçoem e deturpem o evangelho. Um exemplo cruel foi na eleições, onde muitas pessoas decidiram brigar por candidato – que tipo de testemunho seria esse? Você consegue enxergar Paulo fazendo algo assim? Quanto mais a Cristo! E isso não vale só para posts públicos, mas também para redes mais privadas, conversas um a um. O que você disser lá não pode ser motivo para desonra de Jesus. As suas fotos não podem ser motivo de tropeço para outros irmãos.

Da mesma forma que o que postamos mostra o que há em nosso coração, assim como diz a bíblia, “a boca fala do que está cheio o coração”, a forma que nós reagimos a posts revela nosso interior. Você curtiria algo com que não concorda ou é conivente? Às vezes não é suficiente apenas não postar. Se uma pessoa vir uma curtida sua em determinada foto, ela vai ter de imediato a impressão de que você gostou/concordou/deu apoio a determinada postagem e, se ela for de alguma forma comprometedora, parte do seu testemunho vai se manchando.

É importante pensar de várias formas como agir no mundo virtual. Não podemos esquecer a Cristo de lado quando logamos num site, mas justamente saber que ele está a nosso lado todo tempo. E isso não é motivo de medo ou de preocupação constante, mas de uma revelação de amor. À medida que você ama a Cristo e se importa com ele, as coisas ruins vão sendo deixadas pra trás naturalmente e as boas tomam lugar. Que Ele nos dê sabedoria para o uso da internet!

Cristianismo Hackeado – Parte 2

Como semana passada comecei a escrever, o cristianismo vem vivendo novos tempos, inserido também no meio tecnológico. Podemos usar a internet para bem e para mal. Uma coisa que nos ajuda a não errar nisso é a consciência – se temos consciência do perigo, nos tornamos mais cautelosos. O maior problema é entrar na internet achando que você é inatingível.

Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!

(1 Coríntios 10:12)

O Espírito Santo nos convence do erro, nos faz perceber os perigos, mas às vezes nos negamos a aceitar que somos propensos a cair. É muitíssimo importante sermos francos consigo mesmo, de modo que evitemos armadilhas atuais. Tem tentações de todos os tipos na internet, que podem fazer pecar pela ira, pela maledicência, pela mentira, pela sensualidade ou cobiça, dentre uma enorme gama de outras coisas. Não podemos limitar nossa vida cristã apenas ao campo real, mas devemos estender ao virtual. Devemos manter nossos padrões altos, para não nos contaminarmos com as coisas externas.

Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

(1 Pedro 2:9)

Você já sentiu-se alguma vez afetado por alguma postagem, algum vídeo, alguma foto ou conversa online? É importante que se pergunte isso e com a resposta passe a reformular sua postura diante do celular ou computador. O que seus olhos desejam ver poderia ser visto por Cristo? As palavras que você profere na rede Cristo diria? O que você posta poderia ser compartilhado com Jesus? Tenham, pois, consciência, porque Deus em sua onisciência observa a todos os seus filhos.

Cristianismo Hackeado – Parte 1

Vivemos imersos numa era tecnológica. Quanta facilidade vem! Ao cristianismo, temos acesso a inúmeras versões da bíblia, em distintos idiomas, incontáveis pregações dos mais diversos temas, blogs e canais, páginas e e-books. Em contrapartida, o mundo está mais ainda inundado com conteúdo ruim, desde algo mais sútil ao mais perverso conteúdo. A internet pode ser uma conexão de bênçãos, da mesma forma que pode servir de maldição.
Não sei se você algum dia foi hackeado, mas imagine-se na situação. Você tem tudo o que te pertence em plena ordem, tudo parece seguro mas, de repente, aquilo que parecia confortável sai de seu controle, é tomado por alguém que você desconhece, que infiltra e altera tudo aquilo que você uma vez definiu. Péssimo, né? Pois muitas vezes o seu cristianismo é hackeado pelo que você acessa nas redes. Imagine que você foi se permitindo ser hackeado. Seu cristianismo foi sendo afetado em uma, duas, três áreas. E a tendência é aumentar. Se fosse um computador, já se poderia ouvir:

“As definições de cristianismo foram atualizadas.”

E tenha por isso algo ruim. Você não é mais protegido de novos vírus, apenas está cego diante dos que te contaminam. Você pode ser contaminado simplesmente por deixar criar sentimentos em seu coração relacionados ao que está conectado à sua mente até por agir naquilo que você absorve. Fotos, mensagens, vídeos, livros. O que está dirigindo seu cristianismo? E mesmo fora das redes, o que tem sido o vírus para sua vida cristã? Medite nisso, nas próximas semanas me aprofundarei no assunto.

Por que não nomeamos nossos pecados?

Mulher sentada na grama, apoiando um caderno nos joelhos dobrados, escrevendo
Mulher sentada na grama, apoiando um caderno nos joelhos dobrados, escrevendo

Há algum tempo eu estava na Escola Bíblica Dominical na minha Igreja e nosso pastor disse a seguinte frase (que segundo ele havia encontrado durante a leitura de um livro):

– Você adulteraria aos pés da Cruz? 

Naquele momento eu estava concentrada ouvindo e olhando para minha Bíblia, mas rapidamente levantei os olhos em direção a ele com MUITO espanto. Meu coração simplesmente estremeceu. E ele continuou: “Você mentiria aos pés da Cruz? Você furtaria algo enquanto o sangue de Cristo está sendo derramado por você?”

Fiquei perplexa ao perceber a profundidade do que estávamos tratando ali e meu coração se encheu de temor. Pensar em fazer qualquer coisa errada ali em frente ao Filho de Deus sendo sacrificado por nós, não soa como uma terrível afronta a tudo o que Ele é, tudo o que Ele representa e tudo o que Ele fez por nós? Mas por que em nossa caminhada cristã tratamos muitas vezes o pecado como se fosse uma brincadeira?

Nós nos conhecemos e sabemos aquilo em que mais temos dificuldade. Flertamos com o pecado pensando que somos capazes de vence-lo sozinho. Contamos “pequenas mentiras” pensando que “não tem problema se não vai fazer mal a ninguém”. Nossos pensamos impuros e cheios de julgamento acerca de nossos familiares, amigos ou irmãos da igreja, consideramos apenas como “percepções que tenho de alguma situação”.

Em Hebreus 4:13 diz que: “…não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas”. Somos um constante flagrante diante do nosso Deus. Ele esquadrinha nosso coração e sabe cada erro que nós cometemos. Mas precisamos dar nome aos nossos erros. Mentira, fornicação, egoísmo, gula, ciúmes, raiva, fofoca. Tendo consciência de onde estamos falhando poderemos então clamar pela misericórdia do Senhor, para que através do Espirito Santo, Ele nos santifique e nos capacite a não cometer mais essas afrontas, esses pecados.

“Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: “Confessarei as minhas transgressões”, ao Senhor, e tu perdoaste a culpa do meu pecado. ” Salmos 32:5

“Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia. ” Provérbios 28:13

Tratamos um pouco sobre isso nesse ano aqui, quando falamos sobre dores e doenças que muitas vezes Deus escolhe não curar, e tudo o que fazemos muitas vezes é reclamar e se revoltar contra Ele:

Uma imagem se formou em minha mente ao me visualizar diante da cruz do meu Salvador, agonizando, enquanto eu o afrontava por não ter parado a minha dor de cabeça. As implicações absurdas dessa visualização derreteram meu coração com um doce arrependimento e uma profunda gratidão. Percebi que eu certamente era capaz de atos tão maliciosos, egoístas e imaturos, e, no entanto, nada do que eu pudesse fazer jamais me afastaria do amor de Jesus Cristo. Além disso, Cristo não somente morreu a minha morte, como também viveu de modo perfeito por mim, sofrendo com as doenças e dores de um ser humano, existindo em um corpo limitado, sem murmurar contra Deus ou acusá-lo e sem pecar de qualquer outra forma. Então, ele apagou meu histórico de ressentimento e ira e me deu a sua justiça.

Que a cada dia possamos ter mais consciência do nosso pecado, e do quanto precisamos do nosso Salvador para nos lavar e purificar.

Hoje não é o dia de ser campeão

bola de futebol no gramado
bola de futebol no gramado
Sabe aquele jogo que todos esperam que você vença? Sim, aquele mesmo, onde as expectativas são altas, todos colocam você em um patamar de campeão, e na hora da partida, o brilho no olhar é gigantesco, afinal, não tem como perder, as chances apontam para você. O que acontece, é que quando menos esperamos, as probabilidades mudam, você falha, começa a errar diversas vezes seguidas, e parece que todas as expectativas são abaladas de uma vez só. A plateia deixa de gritar por você para manter o silêncio, seja de choro, decepção, ou simplesmente indiferença, afinal, você não agiu como se comprometeu em uma partida tão decisiva. No futebol, claramente sentimos isso nas últimas duas copas, chegamos com a força de vencedores, saímos com o silencio de perdedores. Mas na vida, quem nunca se sentiu assim? As vezes as expectativas que colocamos em nós mesmo, e alimentamos nas pessoas ao nosso redor é a de que vamos vencer, que vai dar tudo certo, e que nossa capacidade vai dar orgulho a todos, mas no meio do caminho, questionamos nossas decisões, mudamos a jogadas e bom, o resultado não é aquilo que todo mundo esperava, uma pena, mas perdeu. Quando olhamos para o céu, achamos que Deus, em sua soberania, olha para nós exatamente igual a todos aqui, achamos que a aceitação das pessoas, que a reação dos torcedores na arquibancada será igual as dEle, mas sejamos sinceros, Deus não é falho igual a gente. Diferente de nós, Ele tem paz, perdão e graça, e quando nos sentimos derrotados, Ele é capaz de nos mostrar que isso não é o fim. Isso não necessariamente vai mudar o placar, afinal, o jogo já acabou, mas podemos olhar toda a trajetória, e perceber o quanto crescemos, e podemos perceber que talvez nossos erros sejam na verdade aprendizado para não fazer igual novamente, e é também, uma oportunidade de lembrar aquelas jogadas iniciais, que estavam tão frescas em nossa mente, mas que no meio do jogo, no meio do nervosismo e da pressão, deixamos de tentar. Quem sabe em uma nova chance, podemos acertar nas jogadas, mas não foi dessa vez. Talvez hoje não sejamos campões, mas devemos lembrar que em Cristo, somos mais que vencedores, não importa o momento, não importam as jogadas. “Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. ” – Romanos 8: 37-39  

Um deserto de dor

Certa manhã, Deus me ensinou poderosamente essa lição, em um momento de inquietação, pouco do antes do amanhecer. Eu estava debaixo do chuveiro, mais uma vez, às três horas da manhã. A enxaqueca havia durado por várias horas e não mostrava sinais de melhora. O tempo que passei vomitando tinha me deixado exausta e impediu que eu digerisse todos os analgésicos que havia tomado. Em um esforço desesperado para escapar daquela dor latejante e enlouquecedora, arrastei-me até o chuveiro para sentir a água caindo em minha cabeça. Isso não serviu para tirar a dor, mas trouxe alguns momentos de distração e alívio. O problema é que, cada vez que eu saía do chuveiro e voltava para cama, a dor retornava. Essa já era minha terceira ida ao chuveiro, e senti uma tensão crescente em minha cabeça e em meu corpo ao perceber que a dor estava piorando e as náuseas, recomeçando. Estava no meu limite, e, ao voltar para o chuveiro, o mundo desabou em mim.

Uma raiva poderosa contra Deus brotou dentro de mim, e acusações jorravam, enquanto as lágrimas começavam a cair. “Deus, já implorei repetidas vezes que você dê um fim nestas dores de cabeça, NESTA dor de cabeça, mas você não a tirou de mim. Por quê? O que eu tenho que fazer? Por que você não me ouve e por que não se importa?” A grande teologia que aprendi ao longo dos anos apenas alimentou meu desdém. Eu sabia que Deus tinha o poder de realizar toda a sua santa vontade. Ele poderia remover facilmente todas as minhas dores de cabeça, e fui levada a lutar com o fato de que ele não iria fazê-lo, apesar de quanto eu implorasse, suplicasse, ou ameaçasse.

De repente, um pensamento invadiu a minha mente, e eu sabia que não vinha de mim. Se Deus faz todas as coisas para sua própria glória e para o bem dos eleitos, então, de algum modo, essa dor de cabeça deve cumprir esses dois objetivos. Ela tem que glorificar a Deus e, de algum modo misterioso, ser boa para mim. Um pensamento levou ao outro, quando o Espírito Santo invadiu a minha mente, resgatando a minha alma: Se Deus me ama – e sei que Ele me ama, pois provou isso na cruz – então, é o amor que o compele a não fazer a minha vontade neste momento. Por que um Pai amável e celestial planejaria isto para mim hoje?

Eu sabia que esses pensamentos não eram meus, pois eram atípicos e alheios a mim. Meu padrão habitual de respostas às dores de cabeça se resumia a queixas e acusações amargas, mas esses pensamentos eram algo completamente diferente: eram verdades sobre verdades que me levariam a uma forma totalmente nova de pensar. Comecei a orar e confessar minha raiva grosseira a Deus. Essa experiência no deserto de dor constante levou-me a me levantar diante de Deus e a erguer o punho com raiva infantil. Por que ele toleraria um comportamento tão irreverente, orgulhoso e pecaminoso? Eu estava fazendo isso há anos e, ainda assim, sobrevivi! Ele não havia me destruído por causa da minha audácia ou me castigado pelo meu desaforo. Meus olhos foram repentinamente abertos para a enxurrada de pecados que jorrava de meu coração contra Deus pelo fato de ele não fazer a minha vontade ou me deixar fazer as coisas como eu quisesse; então, fui quebrantada. Meu pensamentos mudaram de acusação amarga para contemplação e adoração à medida que eu me maravilhava com a incrível paciência de Deus para comigo. Deus nunca havia me prometido uma vida sem dores, mas eu achava que ele me devia exatamente isso e odiava quando ele não cumpria a minha vontade ou não agia como meu empregado.

Desliguei o chuveiro, e, enquanto a água escoava pelo ralo, algo imenso e escuro começou a sair de minha alma. Deus utilizou o deserto desta enxaqueca e de muitas outras antes dela para abrir meus olhos para algo que eu não enxergava havia muitos anos. Minha postura diante de Deus havia sido a de uma pessoa que se julgava merecedora e cheia de exigências sem fim. Essa informação era nova para mim, mas não era nova para Deus. Ele sempre viu meu coração e sabia o que havia dentro dele, mas esperou amorosamente até esse dia para abrir meus olhos e me mostrar a profundidade de meu pecado. 

Mais uma vez, eu não fora apenas deixada a sentir-me miserável e péssima. A imensidão de meu pecado tinha que revelar algo maravilhoso sobre meu Salvador. Jesus foi crucificado exatamente por esse fardo de iniquidade, e ele me amou ao fazer isso. Ele escolheu sofrer a ira, literalmente, de tirar o fôlego, de seu amado Pai celestial em meu lugar, para que eu não tivesse que morrer pelo meu pecado.

Uma imagem se formou em minha mente ao me visualizar diante da cruz do meu Salvador, agonizando, enquanto eu o afrontava por não ter parado a minha dor de cabeça. As implicações absurdas dessa visualização derreteram meu coração com um doce arrependimento e uma profunda gratidão. Percebi que eu certamente era capaz de atos tão maliciosos, egoístas e imaturos, e, no entanto, nada do que eu pudesse fazer jamais me afastaria do amor de Jesus Cristo. Além disso, Cristo não somente morreu a minha morte, como também viveu de modo perfeito por mim, sofrendo com as doenças e dores de um ser humano, existindo em um corpo limitado, sem murmurar contra Deus ou acusá-lo e sem pecar de qualquer outra forma. Então, ele apagou meu histórico de ressentimento e ira e me deu a sua justiça.

Certa vez, Jesus também pediu algo a Deus, mas a sua vontade não prevaleceu. No jardim do Getsêmani, ele pediu a Deus que afastasse dele o cálice de sua ira, que o removesse. Porém, Deus não respondeu àquela oração (Mateus 26:39), Jesus, no entanto, não reagiu com acusações amargas em ameaçadoras. Em vez disso, ele orou: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” e levantou-se para dar início a uma caminhada de dor que eu nunca conhecerei ou poderia suportar. Sem ira ou acusações, ele escolheu sofrer grande agonia, para que a minha ira direcionada constantemente a Deus não me destruísse. Agora, a retidão de Jesus era a minha, embora eu ainda lutasse com pecados como ira e amargura. Que amor maravilhoso Cristo demonstrou por mim ao sofrer voluntariamente! Que amor incrível o Pai demonstrou ao permitir que Jesus sofresse em meu lugar! Que alegre surpresa descobrir como ele continua me sustentando, conduzindo-me através dos desertos que planejou para mim e sofrendo pacientemente a injustiça das minhas reações pecaminosas, a fim de revelar-me o meu coração e ensinar-me sobre o seu amor.

Meninas, as vezes nós nos encontramos lutando contra o próprio Deus. Amarguradas e revoltadas por Ele não responder nossas orações da forma que queremos, por Ele não nos dar aquilo que tanto pedimos no NOSSO tempo, e muita vezes nos esquecemos que Ele já nos deu tudo, através da salvação que temos em Cristo Jesus. Nos apegamos nessa vida terrena, e nos esquecemos que já recebemos incontáveis tesouros espirituais. Histórias como a de Jó, servem para nos mostrar que Deus pode nos dar um amor por Ele, mesmo que Ele nos tire tudo: bens, família, saúde, estabilidade. Que todos os dias, a graça de Jesus e a sua justiça sejam suficientes para brotar em nosso coração um contentamento e gratidão sinceros pelo Filho, e uma confiança de que o Pai nos tem em suas mãos, e sabe o que é melhor para nós.

 

O texto que você leu em itálico foi retirado do livro “Graça Extravagante” de Barbara R. Duguid, um livro que por sinal você não pode passar dessa vida para outra sem ler. Segue o link para quem desejar adquirir: clique aqui para comprar.

Jugo suave e fardo leve

carroça de madeira
carroça de madeira
Conta-se a história de um homem que um dia encontrou Deus em um vale. – Como você está nesta manhã? – perguntou Deus ao companheiro. – Estou bem, obrigado – respondeu o homem. – Posso fazer alguma coisa pelo Senhor hoje? – Sim – disse Deus -, tenho uma carroça com três pedras e preciso que alguém a leve até a colina para mim. Você está disposto? – Sim, gostaria muito de fazer alguma coisa pelo Senhor. As pedras não parecem tão pesadas e a carroça está em boas condições. Ficaria feliz em fazê-lo. Onde o Senhor gostaria que eu a deixasse? Deus deu ao homem instruções específicas, desenhando um mapa no chão, à beira da estrada. – Passe pelo bosque e suba pela estrada que termina no alto da colina. Quando chegar ao cume, deixe lá a carroça. Obrigado por sua boa vontade em me ajudar. – Tudo bem! – o homem replicou e começou sua caminhada animado. A carroça se arrastava devagar, mas a carga era leve. Ele começou a assobiar enquanto caminhava rapidamente pela floresta. O sol atravessava as árvores e aquecia suas costas. Que alegrai ser capaz de ajuda o Senhor, pensou ele admirando o lindo dia. Perto da terceira curva, entrou em uma pequena vila. As pessoas sorriam e o cumprimentavam. Então, na ultima casa, um homem o parou e lhe perguntou: – Como você está nesta manhã? Que linda carroça você te aí. Aonde você vai? – Bem, hoje de manhã Deus me deu um trabalho. Vou deixar essas três pedras no topo da colina. – Que maravilha! Pela manhã, estive orando porque não sabia como levar essa pedra até o cume da montanha – disse o homem com grande entusiasmo. – Você poderia levá-la para mim até lá? Seria como uma resposta à minha oração. O homem com a carroça sorriu e respondeu: – É claro. Não creio que Deus se incomode. Coloque-a atrás das três pedras. Então, partiu com três pedras e uma rocha dentro da carroça. A carroça parecia um pouco mais pesada. Ele podia sentir o solavanco de cada batida e a carroça já puxava para o lado. O homem parou para arrumar a carga enquanto cantava um hino de louvor, satisfeito por ajudar a um irmão e também a Deus. Depois, partiu novamente e logo chegou a um outro pequeno vilarejo à beira da estrada. Um grande amigo vivia lá e lhe ofereceu um refresco. – Você está indo para o topo da colina? – indagou o velho amigo. – Sim! Estou muito entusiasmado. Imagine, Deus me deu algo a fazer! – Ei! – disse o amigo. – Preciso levar essa mala de seixos para lá. Estava preocupado porque não arranjava tempo para leva-la eu mesmo. Mas você poderia encaixá-la entre as três pedras, aqui no meio. Deste modo, colocou sua carga na carroça. – Isso não deve ser problema – disse o homem. Acho que consigo levar. Terminou de beber o refresco, levantou-se e esfregou as mãos antes de pegar a carroça. Despediu-se com um aceno e começou a puxar a carroça de volta para a estrada. Definitivamente a carroça pesava em seus braços agora, mas não chegava a ser desconfortável. No inicio da subida, ele começou a sentir o peso das três pedras, da rocha e dos seixos. Apesar disso, sentia-se bem por estar ajudando um amigo. Certamente Deus ficaria orgulhoso de sua energia e disposição para ajudar. A uma pequena parada seguiu-se outra e a carroça começou a ficar cada vez mais pesada. O sol estava quente e seus ombros doíam por causa do esforço. Logo as canções de louvor e de gratidão que enchiam seu coração deixaram seus lábios e o ressentimento começou a crescer em seu interior. Não foi isso que ele aceitou pela manhã. Deus havia lhe dado uma carga mais pesada do que ele era capaz de suportar. A carroça parecia enorme e desajeitada enquanto se movia com dificuldades e pendia nos sulcos da estrada. Frustrado, o homem começou a pensar em desistir e em deixar a carroça rolar ladeira abaixo. Deus estava fazendo um jogo cruel com ele. A carraça cambaleou e a carga se chocou com a parte de trás de suas pernas, machucando o homem. – Já chega! – irritou-se. – Deus não pode esperar que eu puxe tudo isso até o alto da montanha. Ó Deus – lamentou. – Isso é muito duro para mim! Pensei que estivesses me ajudando nessa viagem, mas estou oprimido por uma carga muito pesada. O Senhor tem que arrumar mais alguém para leva-la. Não sou forte o bastante. Quando orou, Deus apareceu ao seu lado. – Parece que você está em dificuldades. Quando é o problema? – Tu me deste um fardo pesado demais – queixou-se o homem. – Isso não é para mim! Deus caminhou até a carroça, apoiada em uma pedra. – O que é isso? – e levantou a mala de seixos. – Isso pertence a John, meu grande amigo. Ele não tinha tempo de trazê-la sozinho. Pensei que poderia ajudar. – E isto? – Deus derrubou duas peças de xisto ao lado da carroça enquanto o homem tentava explicar. Deus continuou a esvaziar a carroça, retirando tanto os itens leves como os pesados. Caíram no chão e a poeira levantou. O homem que esperava ajudar a Deus ficou em silêncio. – Se você permitir que os outros levem as suas próprias cargas – disse Deus – eu o ajudarei com sua tarefa. – Mas prometi que ajudaria! Não posso deixar essas coisas abandonadas aqui. – Deixe que os outros carreguem seus próprios pertences – disso Deus mansamente. – Sei que você estava tentando ajudar, mas enquanto você estiver sobrecarregado com todos esses cuidados, não conseguirá fazer o que eu lhe pedi. O homem logo se pôs de pé, percebendo subitamente a liberdade oferecida por Deus. – Quer dizer que só preciso levar as três pedras? – perguntou. – Foi o que eu lhe pedi – Deus sorriu. – Meu jugo é suave e meu fardo é leve. Nunca vou lhe pedir para carregar mais do que você consegue suportar. – Eu consigo fazer isso! – disse o homem, sorrindo de orelha a orelha. Agarrou o cabo da carroça e começou sua jornada novamente, deixando o resto das cargas junto à estrada. A carroça ainda cambaleava e sacudia um pouco, mas ele nem percebia. Um novo canto encheu seus lábios e ele sentiu uma brisa perfumada soprando pelo caminho. Com grande alegria, atingiu o topo da colina. Foi um dia maravilhoso, pois ele havia feito o que o Senhor lhe pedira.  
(Texto retirado do livro “Como ter o coração de Maria no mundo do Marta” de Joanna Weaver)

Voltar ao primeiro amor

mulher pulando alto com braços estendidos na praia ao pôr do sol
mulher pulando alto com braços estendidos na praia ao pôr do sol
Esse mês tive o grande privilégio de ir à África para conhecer o ministério de uma amiga missionária muito querida! Foi um tempo mágico, perfeito, indescritível! É uma daquelas experiências com as quais você passa o dia pensando sobre! Na África as coisas são simples, as pessoas de fato vivem e não só sobrevivem. Mas ao mesmo tempo são pessoas sedentas por conhecimento, por ensino, por aprendizado. Durante a viagem tive a oportunidade de conhecer uma jovem senhora que foi dar um curso de História e Geografia Bíblica para quem quisesse participar. O curso foi oferecido na capital de segunda a sábado, 3h por noite. Aproximadamente 140 pessoas participaram TODOS os dias do curso, fora aquelas que participaram esporadicamente (teve dia que tinha mais de 200 pessoas!). Porém eles não o fizeram porque era fácil, cômodo, divertido ou com um banquete no final. São pessoas que muitas vezes tinham que viajar mais de uma hora para ir à igreja ou voltar para casa num transporte público pior que o nosso. A língua oficial do país é o português – língua em que o curso foi oferecido – mas não é a língua falada (é o criolo), então também havia a barreira linguística envolvida. Apesar de todas essas dificuldades, não havia pessoas reclamando, achando ruim ou desistindo. Elas estavam felizes por poderem estar aprendendo mais sobre Deus e entendendo melhor a Bíblia. No último dia havia pessoas radiantes porque receberam um certificado de um curso equivalente a 20h (pensa na alegria de pessoas que muitas vezes nunca haviam ganhado um certificado!!). Aí parei para pensar em nossa realidade no Brasil… quantas vezes nas igrejas não são criados campeonatos de FIFA, de futebol, de vôlei, ou então oferecido um jantar chinês, tailandês, libanês ou qualquer outro -ês da vida? Torno as palavras de Paul Washer as minhas:
“A maioria dos ‘Grupos de jovens’ são totalmente inúteis. São como um bando de crianças que precisam ter diversão em tudo, tem que ir à igreja para se divertir, não podem levar nada a sério, porque se não temos diversão os jovens não vão vir. Mas não vão entrar no reino dos céus por meio de divertimento. Precisam de doutrina, necessitam de verdade, precisam da verdade da palavra de Deus. É tempo de deixar de ser crianças, é tempo de crescer e levar a sério a Bíblia.”
Igreja não é clube! Na EBD não tem que haver brincadeiras para voltar ao foco da aula, os encontros de jovens ou adolescentes não tem que ser recheados de brincadeiras, campeonatos, comidas e não sei mais o quê para “convencer” pessoa a querer participar do estudo da Bíblia porque ao final terá um tempo divertido. O foco é a Bíblia galera, e não o teu eu! Já disse Mateus no capítulo 24 verso 12: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Que possamos a cada dia buscar voltar ao primeiro amor, buscar Deus em todos os momentos e não somente quando a programação parece ser interessante ou quando penso que a palavra que será trazida agradará meu coração. Precisamos ser confrontados pela palavra para ter um arrependimento real e genuíno. Precisamos voltar ao primeiro amor! Aquele que te faz querer aprender mais e mais da Palavra de Deus – e não serão os campeonatos, jogos ou banquetes que oferecerão isso, mas o Estudo da Bíblia pura e simplesmente! Deixo com vocês uma música que fala exatamente isso:  

Resoluções para o Novo Ano

vela sparkle nas mãos de uma mulher
vela sparkle nas mãos de uma mulher

É possível que você já tenha lido frases como “Entrar em um novo ano não muda nada, se você não mudar, se você não perseguir seus objetivos”. O que em partes é verdade não é mesmo? As transformações em nossa vida vem através de tomadas de decisões, mudanças de atitudes e novos caminhos traçados.

Porém, nós somos seres cíclicos, Deus nos fez assim. Ele instituiu a divisão do dia e da noite, para que fossemos seres organizados.

Disse Deus: “Haja luminares no firmamento do céu para separar o dia da noite. Sirvam eles de sinais para marcar estações, dias e anos. Gênesis 1:14

Você já parou pra pensar que cada novo dia, e cado novo ano é uma nova chance? É uma dádiva para que possamos recomeçar de onde paramos. Depois de uma noite longa de dor, vem o amanhecer. Depois de um dia de sol calorento e cansativo vem a brisa da tarde, e um tempo para descansar e recobrar as forças. Depois de um ano de lutas contra o pecado, nos é dado uma nova oportunidade.

Talvez você esteja adentrando ao novo ano, triste pelo seu fracasso no ano que findou. Aqueles livros que você prometeu ler e não leu, seu plano de leitura bíblica que ficou de lado, e aquele pecado que persiste em estar presente. Talvez você já tenha desistido de ser uma boa filha, uma boa namorada, uma boa serva para a comunidade e sinta que Deus está descontente com suas atitudes. Você se lembra quando era criança e fazia algo de errado? Talvez nossa maior tristeza era o olhar de reprovação e de ira de nossos pais, ao invés dos sorrisos e brincadeiras. Não víamos a hora de tudo aquilo acabar para receber de novo aqueles sorrisos de aprovação, e saber que eramos amados apesar de nossas travessuras.

Porém o que precisamos entender, é que nosso Pai celestial está sempre satisfeito conosco. Não através de nossas próprias ações, mas por causa da perfeita obediência de Cristo em nosso lugar. Algumas pessoas podem chamar essa frustração por causa de nossas atitudes de recaída, mas Deus está na verdade, nos guiando através de nossa caminhada com Cristo, para nosso próprio bem e para sua glória. Ele quer que a cada dia nós descubramos a nossa própria fraqueza, para que entendamos nossa necessidade da justiça de Cristo.

Com amor, Deus irá esmagar nosso crescente orgulho espiritual, e nos guiará a uma compreensão mais profunda e rica da aliança da graça.

Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. 2 Coríntios 12:9

Portanto, que haja gratidão em nosso coração, pelo novo ano que se inicia. Por podermos mais uma vez fazer planos, querer mudar, e tentar novamente. Que a graça de Deus inunde nosso coração, sabendo que a Cruz de Cristo nos capacitará a cumprir os mandamentos de nosso Senhor. Que nossas fraquezas e fracassos nos deem a cada dia uma visão dAquele que já fez tudo por nós.

Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Coríntios 15:57

 
Baseado no livro “Graça Extravagante” de Bárbara R. Duguid, publicado pela Editora Fiel. Link para comprar aqui.