Satisfação líquida

Se você já saiu do Ensino Médio, provavelmente já leu ou ouviu falar de um cara chamado Zygmunt Bauman. Ele foi um sociólogo e filósofo e ficou conhecido por obras que nos ajudam a compreender o mundo contemporâneo, basicamente definido como “realidade líquida”, ou seja, como consequência das incertezas do mundo do trabalho, mudanças climáticas e hábitos de consumo, temos nos tornado pessoas de satisfações superficiais, mas apesar de soar como algo ruim, tem sido o mecanismo de defesa para nossa própria sobrevivência.

Um grande exemplo das incertezas na sociedade foi em 2020, onde diversas pessoas perderam empregos e empreenderam, outras se adequaram ao trabalho em casa e assim vai. Mas a realidade líquida também é reflexo da instabilidade em relacionamentos e religião. Antes era comum que o meio definisse o ser humano, ele se forma até um determinado grau escolar, tem o mesmo trabalho até se aposentar, tem a mesma igreja a se frequentar, e assim, consegue criar uma base sólida para casar e ter filhos; atualmente isso é praticamente uma utopia, vivemos preocupados com se manter em um mesmo emprego sem ser cortado no primeiro ano, muitas pessoas largam a fé por coisas fúteis e relacionamentos de longa duração são comuns apenas na igreja, fora dela é quase impossível se ver um casal durar junto para sempre.

Pensando em como o mundo tornou-se líquido, devemos levar em conta que isso já afetou a vivência cristã no que diz respeito ao nosso estilo de vida, e principalmente, onde buscamos nossa satisfação no dia a dia. A cada ano que passa, um aplicativo ou uma nova ferramenta é atualizada nas redes sociais e ficamos cada dia mais dependentes de atualizações, movimentos e estilos de vidas que encontramos nas páginas das blogueiras. Mas e nossa vida com Deus? Onde ela se encontra em meio a uma realidade que há anos já é líquida?

Atualmente é possível encontrar nas redes sociais página para tudo: devocional, leitura bíblica, até memes que entretêm cristãos, mas no particular, onde estamos buscando nossa satisfação?
Antes de torná-la líquida e fazer do cristianismo algo passageiro, precisamos trazer à memória que a vida cristã não é líquida, ela é sólida, constante e para sempre.
Podemos lembrar que a vida cristã também é atemporal e se renova, independente das tecnologias, ela ultrapassa tempos históricos sempre possuindo firmeza em tudo o que passou, passa e passará.

“A relva murcha, e as flores caem, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre. ” – Isaías 40:8

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre.” – Hebreus 13:8

Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis.
Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade! – Lamentações 3:22,23

Também devemos lembrar que justamente por ser algo sólido e atemporal, é o lugar certo para se satisfazer. A satisfação diz respeito ao contentamento a ter prazer independente de se ter muito ou pouco, e por isso, o melhor lugar para se buscar este contentamento é em Deus.

“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
Tudo posso naquele que me fortalece.” – Filipenses 4:12,13

Cada dia mais o mundo tenta moldar como devemos ser, o que devemos usar e onde devemos estar, o mundo diz até a pose que devemos fazer em uma foto e para onde viajar se queremos ter audiência, mas lembre-se, nunca, nada disso será suficiente. Quanto mais o tempo passa, mais padrões novos surgem, mais estratégias novas são lançadas e tudo o que você fez já não tem mais o mesmo efeito na sociedade, no fim, aquela lipo não serve de nada pois o novo padrão surgiu, a maquiagem já é brega, a roupa já é feia, e ai eu te pergunto: Você é capaz de se sentir satisfeita de forma tão líquida?

Com certeza a resposta é NÃO, ainda que em algum momento você tenha sido tentada em viver refém desse prazer líquido.
A verdade é que a única satisfação coerente, o único lugar onde seu contentamento será completo, onde ser apenas você será algo bom, é quando você põe Deus como inspiração, quando seu tutorial de estilo de vida baseia-se em Cristo, quando sua ética vem da palavra, quando sua alegria vem de Deus e sua forma de enxergar o mundo passa ser através da cosmovisão cristã; quando essas coisas tornam-se parte da sua vida, a satisfação deixa de ser líquida, e torna-se sólida.

Se você quer se manter constantemente satisfeita, busque ter como maior influencer aquele que deu a vida por você (João 3:16); se você deseja estar contente ao se olhar para o espelho, para a vida e para tudo o que você, deixe de viver o que seu aplicativos te falam, e viva verdades bíblicas. Quando as respostas vindas do alto forem mais relevantes que os padrões deste mundo, aí sim você irá experimentar a melhor sensação do mundo: a de estar alinhada com os planos do Senhor.

Que Deus te abençoe

Gratidão depois desse ano?

Não sei como foi seu ano, mas é cada notícia que nos apareceu… Guerras, ciclones, vulcões, calor extremo, teve de tudo… Os cenários não poderiam ser mais diversos.

Para quem não sabe, em novembro é comemorado o Thanksgiving (dia de ação de graças) nos Estados Unidos, e aqui no Brasil essa data tem sido bastante adotada também, especialmente no meio cristão. Eu, particularmente gosto muito da ideia de ter essa data cada vez mais presente no contexto brasileiro.

É tão fácil pedir, reclamar, espernear, mas agradecer é tão mais importante do que os anteriores. Há estudos que apontam que pessoas gratas são mais felizes. Mas não precisamos de estudos científicos para isso, a Bíblia nos conta isso:

A alegria embeleza o rosto, mas a tristeza deixa a pessoa abatida.
(Provérbios 15.13)

Então vamos agradecer, assim ficamos mais bonitas (hehe). Gratidão também é um mandamento.

Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.
(1 Tessalonicenses 5:18)

Repare que não é só para agradecer quando tudo vai bem, mas em todos os momentos, todas as circunstâncias.

E eu te desafio a não ficar nos motivos de gratidão “padrão”, como família, casa, emprego. Eles são importantes, mas não exigem muita reflexão.

Separe um tempo e realmente pense em motivos específicos pelos quais ser grato! Às vezes pode ser desafiador, mas é tão bom refletir sobre isso também.

Vou deixar uns versículos de gratidão para te inspirar.

Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça nenhuma de suas bênçãos!
(Salmos 103:2)

Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo; anunciar de manhã o teu amor leal e de noite a tua fidelidade.
(Salmos 92:1-2)

Deem graças ao Senhor, porque ele é bom. O seu amor dura para sempre!

(Salmos 136:1)

Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra! Prestem culto ao Senhor com alegria;

entrem na sua presença com cânticos alegres. Reconheçam que o Senhor é o nosso Deus.
Ele nos fez e somos dele: somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio.
Entrem por suas portas com ações de graças e em seus átrios com louvor;
deem-lhe graças e bendigam o seu nome. Pois o Senhor é bom e o seu amor leal é eterno;
a sua fidelidade permanece por todas as gerações.
(Salmos 100:1-5)

Sejamos gratas!

Me satisfaz

  • O Senhor me satisfaz, como ninguém mais pode

Lá vou eu em mais uma reflexão com base em músicas, e dessa vez a escolhida é Satisfy, da banda inglesa Rivers & Robots.

Não sei se você já parou pra pensar a respeito das coisas que te satisfazem, que te dão um prazer genuíno, alegria. Seja o que for, as melhores coisas desse mundo ainda não superam nosso poderoso e incrível Deus. A doçura infindável do Criador que fez tudo o que há, desde as esplendorosas estrelas às mais belas flores, habita naqueles que Nele creem. Que satisfação! E não há qualquer anseio que eu possa vir a ter que seja tão plenamente satisfeito, mas se eu desejar a Deus de todo o coração, a Ele mesmo terei pra mim, Sua companhia e Suas palavras. A salvação e a eternidade me são garantidas por um abraço de Graça. E se eu me sentir triste algum dia? Ele também me satisfará com sua face consoladora! E que seja transbordante essa satisfação, porque não há nada que possa aquecer meu coração com alegria mais que Ele pode. A presença Dele tem plenitude de alegria, prazer duradouro.

 “Satisfaze-nos pela manhã com o teu amor leal, e todos os nossos dias cantaremos felizes.”
(Salmos, 90.14)

Entrem por suas portas com ações de graças, e em seus átrios, com louvor; dêem-lhe graças e bendigam o seu nome.
(Salmos, 100.4)

 O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta.
(Salmos, 23.1)

Gratidão o ano inteiro

Hei girls!

Como estão?

Hoje será nossa última devocional de Thanksgiving.

Como vimos, o Thanksgiving é celebrado na quarta quinta-feira do mês de novembro (nos EUA), que por um acaso foi na ultima quinta (dia 22).

Mas porque devemos separar um dia específico do ano para agradecer tudo o que Deus tem feito por nós?

Deus não reserva suas bênçãos para um dia específico, então nós também não deveríamos agradecer só em um dia específico!

Entenda, não é errado ter um dia de ação de graças! É muito legal a ideia de fazer um! Mas não deveria ser reservado só a um dia…


No finalzinho da devocional da semana passada (caso não leu, clique aqui) vimos que muitas vezes precisamos praticar o exercício da gratidão para então torna-la um hábito.

Mas o que podemos fazer para praticar isso?

Você pode criar uma caixa de gratidão. Por cada coisa que você é grato, você escreve em um papel e guarda dentro. Tente escrever uma coisa por mês, ou semana ou o intervalo que você achar melhor! De tempos em tempos, releia o que o você escreveu!

Ou então jogue um jogo para praticar a gratidão. Sabe aqueles palitinhos do jogo pega varetas? Você só irá precisar de um desses. A cada palito que você pegar você agradece alguma coisa em sua vida. Se for mais fácil, divida os motivos de gratidão por cor:

  • Vermelho: fale o nome de uma pessoa por quem você é grata
  • Amarelo: fale o nome de um lugar (seja viagem, passeio)
  • Verde: fale o nome de uma comida que você gosta muito e tem a oportunidade de comer
  • Azul: fale o nome de uma coisa que você tem pela qual é grato
  • Preto: qualquer coisa de sua escolha.

Isso são só alguns utensílios que podemos usar para colocar o versículo de 1 Tessalonicenses 5.18:

“Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.”

Cheia de Bênçãos

Olás!

Como estão, queridas?

Vamos continuar com nossa devocional de Thanksgiving!!

Só pra relembrar, primeiro vimos a história dessa data e semana passada vimos que podemos, aliás, devemos ser gratos em toda e qualquer situação porque Deus nos prometeu que nunca nos deixará e nem nos abandonará!

Davi também sabia disso, tanto é que escreve o Salmo 23:

“O Senhor é meu pastor e nada me faltará”

Esse é um dos Salmos mais conhecidos. O versículo 1 todos os crentes (ou quase todos) sabem de cor. O versículo 2 ainda sai, o 3 vai bem mais ou menos, o 4 bem mal e porcamente, o 5 não passa de uma vaga lembrança, mas o 6 todos relembram novamente, afinal que dia glorioso será!

Mas hoje estudaremos o versículo 5, mais especificamente a parte “C”:

“O meu cálice transborda [de bênçãos]”

Davi escreveu esse Salmo quando estava sendo perseguido, logo sua vida provavelmente não estava assim tão fácil.

Mesmo assim Davi afirma que nada irá faltar porque Deus está com ele e vai trabalhando essa ideia até chegar ao versículo em questão.

Apesar de correr risco de vida, perseguições e um monte de coisas que evitamos a todo custo, ele diz que seu cálice transborda. Mas transborda do que?

Transborda das bênçãos de Deus!

Podemos aprender com esse versículo que, não importa a situação que estamos passando, Deus continua derramando Suas bênçãos sobre nós, isso deve ser motivo mais que suficiente para sermos gratos, porque, na condição de pecadores que nos encontramos, não mereceríamos nem isso, mas mesmo assim Deus nos dá.

Eu sei que as vezes pode ser bem difícil agradecer e enxergar as bênçãos divinas! Às vezes é necessário fazer dessa pratica um exercício. A princípio precisamos nos esforçar para pensar em coisas que podemos ser gratos, mas com o passar do tempo isso se torna uma coisa natural!

Vamos começar a praticar?

Pelo que você é grato hoje? Escreva aqui nos comentários! Queremos nos alegrar com vocês 😀

Gratidão valiosa

Olás! Estamos de volta com nossas devocionais de Thanksgiving!

Semana passada aprendemos um pouco sobre a história do Thanksgiving e o que a Bíblia diz a respeito disso.

Hoje iremos ver de uma maneira mais prática de como ser gratos.

Em Hebreus 13 verso 5 está escrito:

Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse:
“Nunca o deixarei, nunca o abandonarei”

(grifo meu)

Sim, eu sei, o dinheiro é algo necessário em nosso dia a dia, e é um tanto quanto difícil viver sem ele, e não é esse o ponto do versículo!

Ele diz que devemos ser “livres do amor ao dinheiro”, ou seja, não devemos amar mais ao dinheiro do que a Deus. Não devemos colocar o dinheiro no lugar que pertence somente a Deus!

O versículo nos chama a ser gratos e contentes com tudo o que temos. Nossa família, saúde, refeições que podemos compartilhar com os entes queridos e, é claro, a própria vida – todos são dons preciosos do Senhor.

O descontentamento, a ganância ou os medos não nos permitem apreciar plenamente e valorizar os preciosos presentes da vida.

Nós não sabemos o que o futuro nos reserva. Podemos passar por momentos difíceis que não haverá fartura na mesa – ou até pior. Mas, como filhos de Deus, estamos seguros de seu amor e cuidado contínuos. O próprio Senhor é nosso ajudador nesta vida complicada.

Então sejamos gratos agora com o que temos! Não devemos esperar as vacas magras chegarem para ficar lamentando os dias passados!

Thanksgiving

Oi meninas! Tudo bem?

O especial do mês será o Thanksgiving 😀

Sou suspeita pra falar do tema, uma vez que gosto muito dessa data, apesar de não ser tão conhecida aqui no BR (talvez porque sou professora de inglês e ensino sobre esse feriado para meus alunos…)

Mas primeiramente vamos entender a história dessa data.

“Em setembro de 1620, um pequeno navio chamado Mayflower deixou Plymouth, na Inglaterra, carregando 102 passageiros – uma variedade de separatistas religiosos que buscavam um novo lar onde pudessem praticar livremente sua fé e outros indivíduos atraídos pela promessa de prosperidade e propriedade da terra no novo mundo. Depois de uma travessia traiçoeira e desconfortável que durou 66 dias, eles ancoraram perto da ponta de Cape Cod, bem mais ao norte de seu destino na foz do rio Hudson.

Um mês depois, o Mayflower atravessou a baía de Massachusetts, onde os peregrinos, como são agora conhecidos, iniciaram o trabalho de estabelecer uma aldeia em Plymouth.

Durante todo aquele primeiro inverno brutal, a maioria dos colonos permaneceu a bordo do navio, onde sofria de exposição, escorbuto e surtos de doenças contagiosas. Apenas metade dos passageiros e tripulantes originais do Mayflower viveu para ver sua primeira primavera na Nova Inglaterra.

Em março, os colonos remanescentes foram para a costa, onde receberam uma visita surpreendente de um índio abenaki que os recebeu em inglês. Vários dias depois, ele retornou com outro nativo americano, Squanto, um membro da tribo Pawtuxet que havia sido sequestrado por um capitão inglês e vendido como escravo antes de fugir para Londres e voltar para sua terra natal em uma expedição exploratória.

Squanto ensinou os peregrinos, enfraquecidos pela desnutrição e pela doença, a cultivar milho, a extrair a seiva dos plátanos, a pescar nos rios e a evitar as plantas venenosas. Ele também ajudou os colonos a formarem uma aliança com os Wampanoag, uma tribo local, que duraria mais de 50 anos e, tragicamente, continua sendo um dos únicos exemplos de harmonia entre colonos europeus e nativos americanos.

Em novembro de 1621, depois que a primeira colheita de milho dos peregrinos foi bem-sucedida, o governador William Bradford organizou uma festa de comemoração e convidou um grupo de aliados indígenas da colônia, incluindo o chefe da Wampanoag, Massasoit.

Agora lembrado como o primeiro “Dia de Ação de Graças” americano – embora os próprios peregrinos possam não ter usado o termo na época – o festival durou três dias.” 1

Por mais que a história terminou bonitinha, a prática de dar graças a Deus pelo que Ele tem feito por nós não começou ali.

Em Levíticos 22.29-30 ja encontramos as instruções de Deus para sacrifícios de gratidão:

“Quando vocês oferecerem um sacrifício de gratidão [sacrifício de ação de graças — ARA] ao Senhor, ofereçam-no de maneira que seja aceito em favor de vocês. Será comido naquele mesmo dia; não deixem nada até a manhã seguinte. Eu sou o Senhor”

Nas próximas semanas iremos ver de maneiras mais práticas como podemos ser gratos a Deus, mas não só em uma data especifica, e sim o ano inteiro!

 

 

Historia retirada do History.

Um deserto de dor

Certa manhã, Deus me ensinou poderosamente essa lição, em um momento de inquietação, pouco do antes do amanhecer. Eu estava debaixo do chuveiro, mais uma vez, às três horas da manhã. A enxaqueca havia durado por várias horas e não mostrava sinais de melhora. O tempo que passei vomitando tinha me deixado exausta e impediu que eu digerisse todos os analgésicos que havia tomado. Em um esforço desesperado para escapar daquela dor latejante e enlouquecedora, arrastei-me até o chuveiro para sentir a água caindo em minha cabeça. Isso não serviu para tirar a dor, mas trouxe alguns momentos de distração e alívio. O problema é que, cada vez que eu saía do chuveiro e voltava para cama, a dor retornava. Essa já era minha terceira ida ao chuveiro, e senti uma tensão crescente em minha cabeça e em meu corpo ao perceber que a dor estava piorando e as náuseas, recomeçando. Estava no meu limite, e, ao voltar para o chuveiro, o mundo desabou em mim.

Uma raiva poderosa contra Deus brotou dentro de mim, e acusações jorravam, enquanto as lágrimas começavam a cair. “Deus, já implorei repetidas vezes que você dê um fim nestas dores de cabeça, NESTA dor de cabeça, mas você não a tirou de mim. Por quê? O que eu tenho que fazer? Por que você não me ouve e por que não se importa?” A grande teologia que aprendi ao longo dos anos apenas alimentou meu desdém. Eu sabia que Deus tinha o poder de realizar toda a sua santa vontade. Ele poderia remover facilmente todas as minhas dores de cabeça, e fui levada a lutar com o fato de que ele não iria fazê-lo, apesar de quanto eu implorasse, suplicasse, ou ameaçasse.

De repente, um pensamento invadiu a minha mente, e eu sabia que não vinha de mim. Se Deus faz todas as coisas para sua própria glória e para o bem dos eleitos, então, de algum modo, essa dor de cabeça deve cumprir esses dois objetivos. Ela tem que glorificar a Deus e, de algum modo misterioso, ser boa para mim. Um pensamento levou ao outro, quando o Espírito Santo invadiu a minha mente, resgatando a minha alma: Se Deus me ama – e sei que Ele me ama, pois provou isso na cruz – então, é o amor que o compele a não fazer a minha vontade neste momento. Por que um Pai amável e celestial planejaria isto para mim hoje?

Eu sabia que esses pensamentos não eram meus, pois eram atípicos e alheios a mim. Meu padrão habitual de respostas às dores de cabeça se resumia a queixas e acusações amargas, mas esses pensamentos eram algo completamente diferente: eram verdades sobre verdades que me levariam a uma forma totalmente nova de pensar. Comecei a orar e confessar minha raiva grosseira a Deus. Essa experiência no deserto de dor constante levou-me a me levantar diante de Deus e a erguer o punho com raiva infantil. Por que ele toleraria um comportamento tão irreverente, orgulhoso e pecaminoso? Eu estava fazendo isso há anos e, ainda assim, sobrevivi! Ele não havia me destruído por causa da minha audácia ou me castigado pelo meu desaforo. Meus olhos foram repentinamente abertos para a enxurrada de pecados que jorrava de meu coração contra Deus pelo fato de ele não fazer a minha vontade ou me deixar fazer as coisas como eu quisesse; então, fui quebrantada. Meu pensamentos mudaram de acusação amarga para contemplação e adoração à medida que eu me maravilhava com a incrível paciência de Deus para comigo. Deus nunca havia me prometido uma vida sem dores, mas eu achava que ele me devia exatamente isso e odiava quando ele não cumpria a minha vontade ou não agia como meu empregado.

Desliguei o chuveiro, e, enquanto a água escoava pelo ralo, algo imenso e escuro começou a sair de minha alma. Deus utilizou o deserto desta enxaqueca e de muitas outras antes dela para abrir meus olhos para algo que eu não enxergava havia muitos anos. Minha postura diante de Deus havia sido a de uma pessoa que se julgava merecedora e cheia de exigências sem fim. Essa informação era nova para mim, mas não era nova para Deus. Ele sempre viu meu coração e sabia o que havia dentro dele, mas esperou amorosamente até esse dia para abrir meus olhos e me mostrar a profundidade de meu pecado. 

Mais uma vez, eu não fora apenas deixada a sentir-me miserável e péssima. A imensidão de meu pecado tinha que revelar algo maravilhoso sobre meu Salvador. Jesus foi crucificado exatamente por esse fardo de iniquidade, e ele me amou ao fazer isso. Ele escolheu sofrer a ira, literalmente, de tirar o fôlego, de seu amado Pai celestial em meu lugar, para que eu não tivesse que morrer pelo meu pecado.

Uma imagem se formou em minha mente ao me visualizar diante da cruz do meu Salvador, agonizando, enquanto eu o afrontava por não ter parado a minha dor de cabeça. As implicações absurdas dessa visualização derreteram meu coração com um doce arrependimento e uma profunda gratidão. Percebi que eu certamente era capaz de atos tão maliciosos, egoístas e imaturos, e, no entanto, nada do que eu pudesse fazer jamais me afastaria do amor de Jesus Cristo. Além disso, Cristo não somente morreu a minha morte, como também viveu de modo perfeito por mim, sofrendo com as doenças e dores de um ser humano, existindo em um corpo limitado, sem murmurar contra Deus ou acusá-lo e sem pecar de qualquer outra forma. Então, ele apagou meu histórico de ressentimento e ira e me deu a sua justiça.

Certa vez, Jesus também pediu algo a Deus, mas a sua vontade não prevaleceu. No jardim do Getsêmani, ele pediu a Deus que afastasse dele o cálice de sua ira, que o removesse. Porém, Deus não respondeu àquela oração (Mateus 26:39), Jesus, no entanto, não reagiu com acusações amargas em ameaçadoras. Em vez disso, ele orou: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” e levantou-se para dar início a uma caminhada de dor que eu nunca conhecerei ou poderia suportar. Sem ira ou acusações, ele escolheu sofrer grande agonia, para que a minha ira direcionada constantemente a Deus não me destruísse. Agora, a retidão de Jesus era a minha, embora eu ainda lutasse com pecados como ira e amargura. Que amor maravilhoso Cristo demonstrou por mim ao sofrer voluntariamente! Que amor incrível o Pai demonstrou ao permitir que Jesus sofresse em meu lugar! Que alegre surpresa descobrir como ele continua me sustentando, conduzindo-me através dos desertos que planejou para mim e sofrendo pacientemente a injustiça das minhas reações pecaminosas, a fim de revelar-me o meu coração e ensinar-me sobre o seu amor.

Meninas, as vezes nós nos encontramos lutando contra o próprio Deus. Amarguradas e revoltadas por Ele não responder nossas orações da forma que queremos, por Ele não nos dar aquilo que tanto pedimos no NOSSO tempo, e muita vezes nos esquecemos que Ele já nos deu tudo, através da salvação que temos em Cristo Jesus. Nos apegamos nessa vida terrena, e nos esquecemos que já recebemos incontáveis tesouros espirituais. Histórias como a de Jó, servem para nos mostrar que Deus pode nos dar um amor por Ele, mesmo que Ele nos tire tudo: bens, família, saúde, estabilidade. Que todos os dias, a graça de Jesus e a sua justiça sejam suficientes para brotar em nosso coração um contentamento e gratidão sinceros pelo Filho, e uma confiança de que o Pai nos tem em suas mãos, e sabe o que é melhor para nós.

 

O texto que você leu em itálico foi retirado do livro “Graça Extravagante” de Barbara R. Duguid, um livro que por sinal você não pode passar dessa vida para outra sem ler. Segue o link para quem desejar adquirir: clique aqui para comprar.

Tempo “Imperfeito”

Relógio de bolso pendurado. Fundo desfocado. Foto preto e branco
Relógio de bolso pendurado. Fundo desfocado. Foto preto e branco

 Já levei DP, mas também já levei 10 na média final; já fiquei de recuperação em matérias que a maioria da minha turma tirou nota boa, como também já passei em matérias que muitas amigas tiveram dificuldade; já atrasei trabalhos absurdamente fáceis de se fazer, e já superei as expectativas em trabalhos que pareciam impossíveis aos olhos da turma.

Na vida amorosa, já sofri por amor (e muito!), mas também tenho coisas boas a se recordar mesmo em meio as decepções. Já renunciei um grande amor, e isso causou decepção em muita gente. Já me machuquei em depositar minha confiança em amigos que decepcionaram, como também ganhei meus melhores amigos nos momentos mais inesperados da vida.

Quando se trata de trabalho, já arquivei documentos, como também já me diverti no melhor estágio que poderia ter, trabalhando com a minha área. Já dei tudo de mim em projetos de moda que nunca saíram do papel, como já vi minhas ideias serem reproduzidas a larga escala.

Estou há 5 anos em um curso que dura 4, ainda não tenho um amor pra toda vida ao meu lado, e também não estou no emprego dos sonhos para uma quase formanda. Como se pode ver, não estou vivendo o tempo perfeito para as expectativas das pessoas, porém, estou feliz.

E você pode estar rindo da minha cara neste momento, pensando como posso ser iludida ou até inocente de acreditar que está tudo bem, e acredite, está tudo bem.

Foi em meio aos momentos ruins da faculdade, que percebi que o único capaz de prover paz nos meus estudos é Deus; é Ele também quem me permite viver no pouco e no muito com contentamento, seja no estágio ideal ou na simplicidade de uma  universitária. Conheci a graça de Deus quando me vi sem um amor pra toda vida, ou sem as amizades que mais confiei e me decepcionei. Pois percebi que o único amor que dura para sempre, é daquele que deu seu único filho para me salvar.

No meio de tantas coisas imperfeitas, vi Deus suprir todas as necessidades, também ganhei as melhores irmãos em Cristo, os conselhos mais sábios e o melhor aconchego no abraço da minha família. Ganhei uma igreja que me leva para mais perto de Deus a cada dia, e não desiste de mim quando eu mesma não tenho forças para seguir em frente.

O que quero dizer a você, querida amiga, é que nem sempre tudo precisa ser exatamente como planejado, na verdade, nem tem graça se for assim. As vezes passamos tempo demais planejando algo que no fim das contas, é Deus quem vai dar a palavra final. Temos que nos lembrar que não devemos andar ansiosas, afinal, Deus cuida de nós a todo momento; entender que há tempo para tudo, e que isso nem sempre vai ser igual as histórias de nossos amigos e familiares; e principalmente, entender que a graça é suficiente, pois mesmo quando Deus nos diz “não” ou “espera”, na realidade Ele está tendo zelo por nós, e nos aprimorando a cada dia para a Glória dEle.

Contentamento

duas mulheres pulando alto na praia ao pôr do sol
duas mulheres pulando alto na praia ao pôr do sol
“Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.”
Quantos de nós poderíamos dizer isso verdadeiramente, 100% do seu tempo aqui na terra? Contentamento é algo que devemos buscar, é um aprendizado constante. Mas não pensem vocês que o contentamento só vem acompanhado de uma vida tranquila! Não devemos buscar uma vida tranquila, mas um contentamento em toda e qualquer situação. A frase acima é do apóstolo Paulo na carta aos Filipenses (capítulo 4, verso 11). Quem conhece um pouquinho de Paulo sabe que ele não teve uma vida fácil:
“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.” (v.12)
Mas aprestemos atenção ao verbo que ele usa na segunda frase: Aprendi…. Isso quer dizer que o contentamento é um aprendizado, algo a buscar a cada dia, independente da situação na qual estamos. É fácil estar contente quando se têm fartura, bem alimentado, com um namorado atencioso ao nosso lado, cursando o curso na faculdade que tanto queríamos, trabalhando com o emprego dos sonhos. Mas Paulo (e a Bíblia) nos diz que não devemos estar contentes só quando as circunstâncias nos favorecem:
“contente em toda e qualquer situação”.
Isso quer dizer que devemos estar contentes também quando passamos por alguma necessidade, com fome, sem namorado ao nosso lado, quando ainda não conseguimos entrar na faculdade dos sonhos, ou quando estamos desempregados. Será que conseguimos isso por conta própria? Basta decidir isso e o contentamento habitará eternamente dentro de nós? No verso 13 vemos que Paulo diz:
“Tudo posso naquele que me fortalece.”
Jamais conseguiremos buscar o contentamento por conta própria. O contentamento é uma decisão sim! Devemos buscá-la diariamente! Mas só conseguiremos alcançá-la quando nos apegarmos a Deus e pedirmos Sua ajuda! Mesmo em meio às dificuldades e em meio à situação que você julga não ser a ideal para sua vida, quantos mimos Deus não nos dá? Tem um hino um tanto quanto antigo que diz:
Conta as bênçãos, conta quantas são. Recebidas da divina mão. Uma a uma, dize-as de uma vez, Hás de ver surpreso quanto Deus já fez
Mesmo quando a situação da vida não é ideal aos nossos olhos, devemos buscar o contentamento em Cristo, que nos dá tudo o que precisamos de acordo com Sua perfeita vontade!