Olá queridos amigos leitores, tudo bem?
Quero trazer a reflexão um assunto que tem sido algo muito frequente no meu relacionamento com Deus, não pensando apenas nas pessoas ao meu redor, mas também trabalhando constantemente meu caráter. Quando falamos de pecados voltados as redes sociais, geralmente falamos de pornografia e fotos indecentes, mas com certeza há atitudes que temos online que também expressam os pecados de nosso coração e pouco se fala sobre isso, provavelmente porque o orgulho de assumir as falhas seja maior que o de assumir e refletir sobre isso. Então, espero que isso seja de grande utilidade para todos nós.
Desde que a situação de isolamento começou, comecei a perceber como os conflitos humanos tornaram-se mais intensos nas redes sociais. O que antes era mero aparecimento e de fácil resolução ao ver as pessoas cara a cara, tornou-se motivo de problemas pessoais. Por isso, quero pensar com vocês sobre os “pecados” que irei pontuar, e assim será muito mais fácil de se encontrar a raiz do problema e criar uma vivência digital mais leve e feliz.
Então antes de tudo, reflita:
– Você já deu aquela indireta nas redes sociais em alguém que não gosta ou frequentemente acha motivos para criticar?
– Já ficou procurando sobre a vida de alguém só para “fofocar” sobre a pessoa com seus amigos?
– Ou até já provocou as pessoas e criou conflitos em comentários e posts para ver a reação do outro a fim de gerar ira nesta pessoa?
Se você disse sim ou até se identificou pela vontade de fazer uma dessas alternativas, se prepara que esse texto não só é para você, como é justamente para tratar seu caráter.
Um certo dia vi uma imagem em uma rede social que comparava cada site e aplicativo que acessamos a um pecado capital, como por exemplo o Instagram como gula, o LinkedIn como soberba e pasmem, o Facebook como inveja, pode isso?
Depois disso, tive um acampamento sobre nosso cristianismo na internet, mas esse foi só o começo da minha reflexão sobre a nossa relação com o mundo digital, e comecei a pensar sobre algo além, que inicia-se em nossas relações sociais pela internet, e como pecamos seja publicamente, ou internamente, e claro, como podemos nos orientar por respostas bíblicas para trabalhar nosso caráter e sermos luz nas redes sociais?
Então vamos aos tópicos:
Indiretas
Infelizmente um dos problemas mais comuns na interação das redes sociais são as indiretas. Este tipo de atitude é baseado na intenção de ofender ou causar desconforto a alguém, bem como um método muito comum de pessoas que querem conquistar alguém e não sabe como falar com a pessoa de modo direto.
Apesar deste tipo de atitude ser visto pelo humor ou até pela falsa ideia de correção eficaz, isso tende a gerar feridas em quem entendeu a mensagem, além de soar como um meio infantil quando trata-se de conquistar alguém.
As indiretas podem ser vistas nos mais diversos contextos nas redes sociais, mas é um método muito ruim de transmitir uma mensagem, levando em conta que na maioria das vezes ela é uma dor mal resolvida em nosso coração que procuramos meios de suprir com a falsa ideia de “meu recado foi dado, aceite que dói menos”, justamente por isso é uma atitude egoísta e que devemos sim trabalhar nosso coração todas as vezes que abrimos nossas redes sociais e nos deparamos com o que não gostamos ou não concordamos.
Solução: Em Tiago 1:26, é bem lembrado sobre refrear a língua, logo, se nossas redes sociais são a extensão da língua, isso significa que refrear nossas palavras também são um meio de manter a língua no lugar e não manchar o testemunho de cristãos que tanto dizemos ser.
Quando sentir o desejo de postar uma indireta, coloque-a em modo privado, fique uma semana orando pela pessoa que você iria provocar e depois volte e veja o absurdo que você cometeria, se coloque no lugar da pessoa e finalmente, apague o que você pretendia dizer. O método mais eficaz de “dar uma lição” é sendo amoroso e ajudando alguém pela palavra de Deus, e não por palavras rudes que irão ferir alguém sem a menor necessidade.
Stalker
Este termo em inglês significa “perseguir”. No começo da era da internet, falar de ser
stalker era algo para detetives, mestres do crime e pessoas perigosas, mas hoje, tornou-se um vício.
Quando pensamos em nosso passado, sabemos que mudamos e evoluímos como pessoa, mas quando perseguimos alguém olhando todo o passado dela nas redes sociais, não temos a mesma consideração, e isso abre espaço para iras, raiva e julgamentos que poderiam ser evitados de maneira simples.
Infelizmente o desejo de investigar a vida das pessoas pode se tornar um pecado, não porque a outra pessoa era pecadora, mas porque ela se arrependeu, e você começou a pecar pelo pecado dela.
“Mas Rebeca, se ela me faz pecar então ela é errada também”
Então, já parou para pensar que só o fato de “perseguir” alguém é um absurdo? Pois é, este alguém é você, então o pecado do outro jamais poderá justificar sua imprudência. Não importa que você gosta de uma pessoa, que você quer defender um amigo de namorar uma pessoa que você não gosta ou simplesmente porque a pessoa é nova na igreja, NADA justifica isso.
Solução: Em Mateus 5:29-30 está retratando sobre cobiça, e neste caso o vício em procurar as pessoas trata-se justamente de se importar com o outro além do necessário, e pior, com intenções pecaminosas. Então para não arrancar seu olho, desligue sua internet, coloque os joelhos no chão e ore por quem você persegue.
A bíblia nos ensina a orar por quem nos persegue, mas se o maior vilão é aquele que você encontra no espelho, então está mais que na hora que derrotá-lo. Cristo deve ser soberano em seu coração, não seu ego. Não deixe que o desejo de julgar alguém ou se perseguir alguém, esteja acima da soberania de Deus.
Haters
Eu sempre achei que o termo “
hater” que em inglês significa “ódio” referia-se apenas a pessoas que criam brigas e geralmente fazem parte de grupos políticos extremistas ou adolescentes mal intencionados. Porém, após um mal entendido nas redes sociais, comecei a perceber que nós, pessoas “comuns” também podemos dar brecha para se tornar um Hater ou atrair um para nosso perfil nas redes sociais.
O ódio não é causado apenas por um insulto, ele pode ser algo gerado em pequenos textos, mensagens rápidas e
tweets que as pessoas compartilham com o intuito de trazer alguma reflexão e que, propositalmente, nos geram ódio. O mais comum são brigas políticas, mas já vi até autoridades na igreja incentivando piadas machistas, de duplo sentido e extremamente pecaminosas, disfarçadas de “piadas saudáveis” mas que possuem uma mensagem bastante imprudente por trás. O resultado disto, são desavenças, comentários ofensivos e longas discussões baseadas em uma análise rasa de alguma publicação que se fosse compartilhada no privado, jamais causaria problemas.
E justamente por causa destas pequenas imprudências é que podemos nos tornar um
hater sem perceber, já que depois de consumir tantas informações ruins, a gota d’água acaba fazendo o copo se transbordar na primeira piada de mau gosto que aparecer na sua
timeline.
Solução:
A solução é gradativa, lidar com o ódio vai exigir um processo mais cauteloso, por isso vamos as orientações:
– Deixe de seguir pessoas que alimentam seu ódio – Isso inclui amigos, familiares e se necessário, até seu namorado/cônjuge.
O Facebook não interage de acordo com o que você gosta mais, mas o que você interage mais – ou seja, se você lê páginas que te deixam revoltado, o algoritmo vai entender que você possui interesse, pois ele não sabe o que é positivo ou negativo, apenas que você entrou, comentou, reagiu ou compartilhou. Logo, desativar notificações do que você não gosta torna-se essencial no trabalhar do seu coração;
– Faça um detox – Se as redes sociais não são necessárias em seu trabalho, exclua tudo por algumas semanas e aprenda a lidar com a simplicidade, isso ajuda a perceber que certas notícias são fúteis, e você vai começar a valorizar muito mais o real e as pequenas coisas boas do dia;
Peça perdão a quem você causou desavenças – Ore por essa pessoa e tire o orgulho de seu coração. Infelizmente ficamos cego pelas informações enviesadas e isso pode distorcer nosso modo em enxergar as pessoas, ferindo amizades ou possíveis amizades por basear o caráter delas em um post;
– Recomece – Não tem nada errado em administrar suas redes sociais e começar de novo, se necessário, crie um novo perfil e administre quem você irá acompanhar posts, quem realmente irá seguir, deste modo, você consegue controlar o que olhar e evitar pecar.
Em Tiago 3 temos um texto extremamente didático acerca de refrear a língua, fechando com uma passagem que diz respeito a este post, no versículo 18 onde está escrito: “O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores.” Logo, se somos cristãos, devemos plantar paz, e assim poderemos ser capazes de colher justiça. Quanto tiramos o ódio pela raiz e plantamos paz, nossos frutos demonstram isso, do contrário, viveremos sem paz no coração e muitas desavenças.
Vaidade
Há uma diferença entre pessoas comuns que usam as redes sociais e profissionais do meio digital que são os famosos
influencers, e precisamos falar sobre isso.
Quando falamos de vaidade nas redes sociais, precisamos entender que há pessoas que trabalham profissionalmente, e pessoas que postam apenas por hobby.
Com a quarentena, muitos profissionais começaram a criar perfis de trabalhos, e o que antes era apenas receber um like, transformou-se na renda e mudou a vida de muitas famílias que estavam desempregadas.
Porém, há pessoas que ao ver perfis que estão em ascensão, querem competir, ter mais
likes e seguidores, e tornam o ambiente de trabalho de alguns, um verdadeiro problema. Por isso, avalie as intenções do seu coração ao postar.
Você posta apenas por diversão? Se sim, o que você tem ensinado as pessoas com isso? Você tem falado coisas que remetem ao cristianismo, ou apenas sendo pedra de tropeço? Sua intenção é chamar a atenção de alguém, ou glorificar ao Senhor agradecendo por um momento feliz onde a foto foi tirada? E ao interagir com outros perfis, você tem buscado difamar a imagem das pessoas, ou abençoar e ajudá-las?
A vaidade está presente no excesso de maquiagem, nas roupas que ferem a santidade de Cristo, nos comentários ofensivos e mal educados, no famoso “segue e deixa de seguir” para ter números altos de seguidores dentre outros aspectos. Tudo o que te exalta e não ajuda ninguém ao seu redor, torna-se vaidade nas redes sociais. Todo o
deslike no Youtube, toda a difamação de uma empresa para prejudicar a reputação dela e todas as poucas estrelas dadas em uma página só para afetar o desempenho de alguém são sim vaidade. É um meio de você se mostrar tão superior que não mede esforços para ver o outro mal. Uma vingança disfarçada de vitimismo a fim de ganhar atenção das pessoas, que no fundo, só mostram a falta de caráter dentro de um monte de legalismos.
Solução: Ore, recomece, limpe sua mente e coração e no lugar de se fazer de vítima, pense em como agir com misericórdia. Tenha amor quando o ódio tentar consumir seu coração, e se afaste quando sabe que o desejo de pecar contra alguém é maior do que o desejo de ser amável e cristão. Se suas práticas nas redes sociais não mostrarem uma verdadeira transformação de Cristo em você, não adianta NADA postar versículos e citações de livros cristãos, pois o seu caráter nega TUDO o que você tem dito. Isso pode até afetar a decisão de pessoas em aceitar a Cristo como Salvador. Você acha mesmo que vale a pena abrir mão disso pelo prazer miserável de prejudicar alguém? Então repense o cristianismo que você acredita.
Lembre-se de Salmos 51:10, e busque um coração puro; Também traga a memória Mateus 18:8 sobre o quão sério é ser pedra de tropeço e finalmente, o versículo chave deste tópico é Filipenses 2:3, lembrando de considerar aos outros superiores a si mesmo. Abra mão da vaidade, do egoísmo e tire de vista qualquer parte de si que o faça se tornar um empecilho na vida das pessoas para fins egoístas.
Golpes
Com toda a situação causada pela pandemia, muitas pessoas foram atrás de renda extra para garantir seu sustento, e com isso, esquemas de pirâmides, vendas digitais e até correntes colaborativas ganharam força. Infelizmente com isso uma série de crimes digitais começaram a acontecer com tanta naturalidade, que cheguei a presenciar não uma, mas várias pessoas cristãs se envolvendo em crimes como a criação de roletas de dinheiro e vendas de cursos online. Se fosse entrar em detalhes, a parte de golpes seria um texto isolado, mas acho importante alertar.
Há pessoas oferecendo cursos de como ganhar dinheiro fácil e compartilhando seu saldo na internet, porém, na maioria das vezes isso é um golpe combinado e quem vende os cursos não percebe o quanto ela está se prejudicando. Do mesmo modo as roletas, que alegam ser um meio de várias pessoas ganharem dinheiro toda a semana, mas na realidade, isso é um crime que pode levar várias pessoas para a cadeia sem elas ao menos saberem que estão cometendo um crime.
Solução: Golpes são tão repugnantes quanto roubos e furtos, e não devem ser incentivados nas igrejas. Se as pessoas precisam de ajuda, criem vaquinhas, rifas e atividades lícitas para tal, mas em hipótese alguma incentive uma corrente colaborativa sem saber a origem e saber se de fato é algo confiável.
Ainda que os tempos sejam difíceis, não ceda as tentações do mundo, pois dinheiro fácil nunca foi algo aceitável nem na palavra. Na guerra contra os amalequitas, Saul foi orientado a destruir toda a cidade, mas seu desejo de enriquecer o fez pecar, poupando bens que o traria vantagens financeiras. (1 Samuel 15:9).
Não podemos tirar proveito de situações ilícitas com base no medo ou na soberba. Confie no Senhor, se esforce e busque os meios corretos de gerar renda, com certeza Deus será amoroso e cuidadoso, e fará prosperar não pensando em carros e conta bancária cheia, mas fará seu coração se transbordar de alegria e prazer na obediência, e com certeza com isso, o demais será acrescentado (Salmos 37:5).
Hipocrisia
Falamos algo, agimos de outro modo, isso infelizmente é muito comum. Quando estamos nas redes sociais isso torna-se ainda mais evidente, já que é muito fácil nos atrairmos por postagens engraçadas e pensar “nossa, isso é muito eu” sendo que você nunca nem pensou no que viu.
É difícil conciliar quem somos na vida real com o que falamos nas redes sociais, e isso nos faz perceber que somos duas personalidades e está errado. Se não damos nem bom dia para alguém na rua mas curtimos a foto dela, qual é o sentido de ter esta pessoa na rede social?
A hipocrisia é uma característica pecaminosa que vemos desde a bíblia, e se intensificou com as redes sociais, então, precisamos reavaliar o que falamos e pensar sempre antes de publicar alguma coisa.
Solução: Sempre pense “Eu vou praticar o que estou dizendo? Isso condiz com as minhas atitudes do dia a dia?” e também “Eu vou glorificar a Deus falando isso? Vou agregar algo para o bem?” Se em uma das perguntas a resposta for não, então não faça. É melhor não falar nada e perder possíveis likes, do que sair como alguém hipócrita e causar ódio, indiretas, e outros problemas que já falamos anteriormente.
Se trabalhamos nosso caráter, isso vai ficar expresso seja nas mensagens, seja em não postar com frequência. E para quem é influencer ou trabalha com redes sociais, a cobrança é maior. Não venda algo dizendo ser uma coisa e entregando outra, não engane as pessoas, não as faça se sentir mal com elas mesmas criando modelos absurdos de padrões de beleza e estilos de vida, seja verdadeiro e automaticamente, você será muito mais cristão.
Os versículos de Salmos 32: 2-5 é excelente para compreender o sentimento do salmista ao se mostrar aliviado por ser verdadeiro diante de Deus, e devemos seguir este exemplo; Mateus 15: 7-9 ainda nos lembra sobre a hipocrisia dos homens que falam da Palavra e não as praticam, além de uma série de textos que repreendem a hipocrisia. Mas no lugar de lembrar apenas as exortações, quero lhe trazer a memória que se arrepender e mudar, será tão eficaz, que você se sentirá mais leve.
Poderíamos fazer um livro só refletindo sobre estes assuntos, mas espero que tais pecados já sejam motivos o suficiente para nos avaliarmos como cristãos e buscarmos mudanças. Precisamos lembrar que os aparelhos eletrônicos hoje são extensão de nossas palavras. E o que estamos fazendo com isso? Cabe a nós pensar sobre, à luz das Escrituras.
Pensou em mais temas para trabalhar nosso coração? Comente no post!
Que Deus te abençoe 🙂